quinta-feira, junho 26, 2008

Mais preparado, Jadel aponta Jadel como adversário em Pequim

SÃO PAULO (Reuters) - O triplista Jadel Gregório, dono da melhor marca entre os atletas do salto triplo em atividade, aponta as mudanças que viveu nos últimos quatro anos para se declarar "mais que preparado" para os Jogos de Pequim este ano.


Evitando criar expectativas em torno de medalhas, o saltador também já elegeu seu principal adversário: ele próprio.

Quinto lugar nos Jogos de 2004 em Atenas, Jadel diz que desde seu desempenho na Grécia "mudou 100 por cento", ganhou experiência e também esposa e dois filhos, dos quais um se dependurava na barra de sua calça durante entrevista a jornalistas no Clube Pinheiros, no final da noite de terça-feira.

"O concorrente que o Jadel tem em Pequim é o próprio Jadel", disse o atleta que antes de embarcar para Pequim em 29 de julho, disputa o Troféu Brasil esta semana e mais três competições na Europa no próximo mês. "Tenho treinado muito bem, me sinto mais que preparado que em 2004 e creio que até os Jogos Olímpicos a gente consiga encaixar uma série de saltos bons."

Apesar de não estabelecer metas para os Jogos, ele afirma que um salto de 17,70 metros no Troféu Brasil o deixará satisfeito nessa fase de treinamentos. A melhor marca da carreira de Jadel são os 17,90 metros alcançados em Belém, no ano passado.

Jadel decidiu mudar sua programação de treinos de Londres para São Paulo antes das competições em Pequim, ficando mais perto da família e do público, mas acabou esbarrando em um problema vivido diariamente pelos moradores da cidade: o trânsito caótico.

"Aqui a única coisa que acaba me atrapalhando é o transito. Em vez de fazer duas sessões de treinos, estou fazendo uma mais longa por dia", disse Jadel, acrescentando que treina cerca de quatro horas por dia. "O que dá sorte é treinar, mas não existe sorte, existem boas energias. Sorte é treinamento, é dedicação, é garra, é confiança", responde ele de primeira ao ser questionado se tem algum ritual para ter uma ajuda extra na hora das provas.

O triplista de 2,02 metros de altura, 102 quilos e 28 anos de idade disse que os problemas de poluição e também o calor e umidade de Pequim durante os Jogos não devem atrapalhar seu desempenho. "Como a minha prova não exige tanto de resistência, creio que não vai atrapalhar, mas, com certeza, para o pessoal que faz longa distância vai atrapalhar um pouco."

O técnico Cláudio Castilho, que treina os fundistas José Teles e Gladson Barbosa, concorda. "A gente vai estar muito mais preocupado com o clima, que vai estar quente, que propriamente com a poluição", comentou.

"Quando você faz associação de temperatura alta, umidade relativa alta, isso para o atleta de meio fundo e fundo é bombástico. Você não consegue extrair de maneira geral o melhor resultado possível. Eles sofrem demais, desidratam muito."

Castilho lembrou do Mundial de Osaka, disputado no Japão em meados do ano passado, em que muitos atletas pararam devido às condições de prova com temperatura na casa dos 34 graus e mais de 80 por cento de umidade relativa do ar.

A delegação brasileira de atletismo para os Jogos por enquanto conta com 37 atletas e o total pode chegar a 40. Na China, a equipe ficará concentrada até 10 de agosto em Macau, região de colonização portuguesa no país asiático, antes de seguir para a Vila Olímpica, em Pequim, afirmou Castilho.

(Por Alberto Alerigi Jr.)


Leia também: Brasileiros lideram ranking mundial de salto

Vitória na Eurocopa é comemorada com xenofobia na Alemanha

da Efe, em Berlim

As cidades alemãs de Dresden, Chemnitz e Hannover foram palco de várias demonstrações de xenofobia na noite desta quarta-feira, após a vitória da Alemanha sobre a Turquia pelas semifinais da Eurocopa.

A polícia informou que dois turcos ficaram feridos no ataque de um grupo de jovens radicais contra três restaurantes turcos de fast-food na cidade de Dresden.

Um grupo que tinha entre 20 a 30 pessoas destruiu uma parte da mobília de dois restaurantes turcos no centro de Dresden, enquanto outro estabelecimento ficou praticamente destruído.

Em seguida, o grupo atacou dois turcos que estavam trabalhando nos restaurantes e que ficaram levemente feridos. Os agressores também queimaram bandeiras enquanto vários curiosos assistiam aos ataques sem intervir.

A polícia espera identificar os vândalos ainda hoje.

Na cidade de Chemnitz, um grupo de torcedores atacou a polícia durante as comemorações da vitória da Alemanha sobre a Turquia por 3 a 2.

A polícia local informou que o ambiente no centro de Chemnitz após a partida estava muito tenso e quando os agentes tentaram intervir para evitar distúrbios os torcedores mais violentos se voltaram contra os policiais e atacaram. Seis autoridades foram feridas.

Em Hannover, a polícia deteve um grupo de cerca de 20 neonazistas que gritavam reiteradamente palavras de ordem racistas em uma festa popular que reuniu torcedores alemães e turcos para assistir à partida em um telão.

Todos eles foram acusados de incitação ao ódio racial e serão levados a julgamento.

Segurança de bombas atômicas dos EUA na Europa preocupa o velho continente

Laurent Zecchini

Foi um relatório interno da força aérea americana que provocou a polêmica: as condições de armazenamento do arsenal nuclear aerotransportado dos EUA estacionado no continente europeu são desastrosas do ponto de vista de segurança. A decisão de realizar essa investigação foi tomada depois que a força aérea, em agosto de 2007, perdeu o rastro durante 36 horas de seis bombas nucleares que haviam atravessado o território dos EUA a bordo de um bombardeiro estratégico.

Em fevereiro de 2008 o Pentágono divulgou uma versão muito atenuada desse relatório, até o momento em que a Federação de Cientistas Americanos, uma organização não-governamental que serve de autoridade sobre questões nucleares, publicou uma versão parcialmente "desclassificada" do documento. Esta salientava que as condições de segurança vigentes na "maioria dos locais" onde estão depositadas bombas nucleares americanas B-61 no Velho Continente (Alemanha, Itália, Países Baixos, Bélgica, Reino Unido e Turquia) são muito inferiores aos padrões exigidos pelo Pentágono.

O isolamento das instalações, os sistemas de iluminação e de segurança são deficientes; alguns edifícios precisam de reparos e os guardas de segurança muitas vezes não têm a formação ou a experiência necessárias. Às vezes soldados incorporados há nove meses são encarregados de proteger as armas nucleares de roubos. Os problemas mais graves foram identificados nas bases aéreas de Büchel (Alemanha) e de Ghedi Torre (Itália).

Segundo certas informações, Washington teria decidido retirar as bombas de pelo menos uma das oito bases em que estão depositadas. Na Alemanha essas revelações provocaram uma viva polêmica, quando a oposição exigiu a retirada imediata das armas nucleares americanas baseadas no país. "Essas armas nucleares são um vestígio da guerra fria e devem ir embora", estimou o chefe do Partido Liberal (FDP), Guido Westerwelle, apoiado pelo SPD e os Verdes.

Embaraçado por esse assunto, o governo da chanceler Angela Merkel lembrou no entanto que a Alemanha é ligada pelos acordos da Otan sobre dissuasão e estacionamento de armas nucleares na Europa, e Berlim também estima que "uma capacidade de dissuasão militar inclui não somente a capacidade convencional, mas também componentes nucleares".

Informações conhecidas
Há alguns meses o ministro belga da Defesa, Pieter De Crem, revelou publicamente a localização de bombas nucleares americanas, para grande alarme da Aliança Atlântica, para a qual esses locais são em princípio secretos. Um porta-voz da Otan salientou na última segunda-feira (23) que a segurança das armas nucleares americanas na Europa cabe aos EUA.

Na realidade faz vários anos que as informações sobre os locais e o número de bombas americanas estacionadas na Europa (de 250 a 480, segundo as estimativas) são conhecidas. No fim da guerra fria os EUA reduziram em 90% o número de suas armas nucleares táticas na Europa (mais de 4 mil na época), e as que estavam depositadas na Grécia e no Canadá foram retiradas.

Essas armas, segundo Isabelle Facon e Bruno Tertrais, em um estudo recente da Fundação para Pesquisa Estratégica, são concebidas para ser despejadas pela aviação americana (cerca de 300 bombas), assim como pela dos países aliados (cerca de 180 bombas). Os depósitos nucleares da Otan são guardados pelas forças americanas, mas os países anfitriões devem garantir a segurança externa das bases.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

segunda-feira, junho 23, 2008

Depósitos de armas atômicas dos EUA na Europa não são seguros

A maior parte dos depósitos de armas atômicas mantidos pelos Estados Unidos na Europa não corresponde aos padrões mínimos de segurança da Secretaria da Defesa dos EUA. A informação foi divulgada pela Federação dos Cientistas Norte-Americanos (FAS) em seu website. O estudo da organização revelou problemas nos sistemas de segurança, no cercamento e forma de construção dos locais de armazenamento, entre outros pontos. A FAS calcula entre 200 e 350 o número de bombas atômicas dos EUA na Europa. As bases em questão localizam-se na Alemanha, Bélgica, Holanda, Itália, Reino Unido e Turquia.

Deutsche Welle

Amorim conclui visita à Argélia com assinatura de seis acordos de cooperação

Argel, 23 jun (EFE) - O ministro de Exteriores Celso Amorim concluiu hoje sua visita oficial de dois dias à Argélia, com a assinatura, com seu homólogo argelino, Mourad Medelci, de seis acordos de cooperação, ao término dos trabalhos da terceira comissão mista entre ambos os países.

Segundo explicaram à EFE fontes do Ministério de Exteriores do Brasil, três dos seis acordos alcançados concernem à agricultura; dois à saúde e outro às pequenas e médias empresas.

No setor agrário e de meio ambiente, os convênios tratam da gestão e vigilância dos ecossistemas florestais; da gestão de água e do solo na zona úmida argelina de Tell Oriental, e do desenvolvimento integral e sustentável da bacia do rio Touil.

Em saúde, os dois acordos concernem à consolidação de um projeto de formação em cirurgia cardíaca pediátrica na Argélia, assim como ao reforço das capacidades dos médicos e técnicos argelinos especialistas no tratamento de vítimas de queimaduras.

O acordo no setor de pequenas e médias empresas permitirá à Argélia beneficiar-se da experiência brasileira em matéria de produção de jóias e de artesanato mineral.

"Queremos uma relação reforçada entre Brasil e Argélia", declarou Amorim ao término dos trabalhos da comissão mista, ressaltando que relações como a de ambos os países são de "grande importância para um mundo mais justo e equilibrado", onde os intercâmbios comerciais estejam de acordo com as necessidades dos povos.

Por sua parte, o chefe da diplomacia argelina afirmou que ambos os países prevêem concluir em breve um acordo global com um calendário e objetivos precisos para passar de "uma cooperação frutífera a uma associação estratégica reforçada".

Medelci anunciou a criação de um grupo de especialistas conjunto para alcançar este objetivo.

Em 2007, o comércio entre Argélia e Brasil superou os US$ 2,4 bilhões, segundo dados da Alfândega argelina.

As exportações argelinas ao Brasil, integradas em mais de 99% por produtos energéticos, alcançaram US$ 1,8 bilhão, enquanto as importações (açúcar, carne, leite e produtos lácteos) se situaram próximo aos US$ 603 milhões.

Amorim -que foi recebido ontem pelo presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika- qualificou as relações bilaterais de "excelentes" e "muito dinâmicas", e destacou que o Brasil e a Argélia "trabalham para alcançar novos tipos de associação".

quarta-feira, junho 18, 2008

Iraque quer Fome Zero com produtos brasileiros

SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro do Comércio do Iraque, Abdul Falah Al Sudani, disse ontem que seu governo pretende transformar o Brasil em um dos principais fornecedores do Fome Zero iraquiano, que existe desde 1990 e depende em grande parte da importação de alimentos.

"O Brasil exporta quase todo tipo de alimento, e por isso queremos que o país se torne um dos líderes mundiais no nosso programa de fornecimento de cestas básicas à população", afirmou Al Sudani, depois de tratar do assunto com o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento), em São Paulo.

Graças ao aumento das receitas obtidas com a exportação de petróleo, Bagdá vem buscando melhorar a qualidade dos nove itens da cesta básica mensal subsidiada pelo governo e distribuída a praticamente todos os lares iraquianos.

O sistema foi implementado pelo ditador Saddam Hussein (1979-2003) para aliviar o embargo econômico imposto pela ONU em 1990. Mesmo com o fim das sanções, há cinco anos, o programa continuou.

Alimentos como frango, açúcar e leite em pó já representam 16 dos 20 itens mais vendidos pelo Brasil ao Iraque.

As exportações brasileiras alcançaram US$ 226 milhões no ano passado -o melhor resultado desde a época pré-embargo, quando Brasília e Bagdá tinham forte parceria comercial.

Al Sudani continua hoje sua agenda com encontros em Brasília. Ele pedirá ao chanceler Celso Amorim que acelere a reativação da Embaixada do Brasil em Bagdá, parada desde 1990. O Itamaraty trata dos assuntos iraquianos na Jordânia e promete reabrir a representação em Bagdá até 2009.

A Embaixada do Iraque em Brasília ainda espera a chegada do primeiro embaixador da era pós-Saddam.

Folha de S. Paulo
Terça-feira, 17 de Junho de 2008

terça-feira, junho 10, 2008

Personalidades britânicas: Bush é "criminoso de guerra"

EFE

O Nobel de Literatura Harold Pinter e a ativista de direitos humanos Bianca Jagger chamaram George W. Bush de "criminoso de guerra" em carta de protesto contra a visita que o presidente dos Estados Unidos fará ao Reino Unido

Segundo informou nesta segunda-feira [09/06] a coalizão em prol da paz Stop the War, Pinter e Bianca (ex-mulher do cantor dos Rolling Stones, Mick Jagger) integram uma lista de 22 signatários que apresentaram críticas sobre Bush.

"Não há um candidato mais apropriado para (o título de) principal criminoso de guerra que George Bush. O único que se aproxima disso é Tony Blair (ex-primeiro-ministro do Reino Unido). Ambos são desprezíveis", afirma Pinter.

Segundo o dramaturgo britânico, Bush "deveria ser detido e enviado a Guantánamo (base e prisão dos EUA em Cuba), onde apodreceriam para sempre".

Bianca Jagger disse ainda que o presidente americano "é responsável por flagrantes violações dos direitos humanos e das normas internacionais".

Como parte dos protestos, será feita uma manifestação onde as pessoas usarão algemas perante a sede do governo britânico durante a visita de Bush no próximo dia 15 de junho.

Bush se reunirá esse dia em Downing Street com o primeiro-ministro do Reino Unido, o trabalhista Gordon Brown, como parte de uma viagem de despedida que começa hoje pela Europa.

domingo, junho 08, 2008

Drama iraniano abre Festival de Cinema Feminino

Talvez seja programa sombrio demais para uma abertura de festival. Mas 10+4, que dá a partida segunda-feira [02/06] no Femina – Festival Internacional de Cinema Feminino 2008, é uma experiência de cinema para não deixar ninguém indiferente.

Quem a conduziu, na frente e atrás das câmeras, foi Mania Akbari. Você se lembra dela como protagonista de Ten (Dez), de Abbas Kiarostami, trajeto automobilístico no meio-fio entre o documentário e a ficção. Mania, 33 anos, não é uma atriz apenas. É uma pintora de vanguarda desde 1991, videoartista, diretora de fotografia de filmes independentes iranianos e assistente de direção em docs. Seu trabalho, seja na abstração pictórica, seja na experimentação audiovisual, reflete sobre dilemas da condição feminina, especialmente no Irã.

Kiarostami levou isso em conta ao chamá-la para protagonizar Ten. Desde então, Mania co-dirigiu o doc Crystal (2003) e dirigiu seu primeiro longa fic, 20 Dedos, uma sucessão de momentos de um casal bastante marcada pela influência de Kiarostami. Foi o próprio Abbas quem sugeriu a Mania rodar uma continuação de Ten, quatro anos depois. 10+4 parte da mesma situação: Mania dirige um carro pelas ruas de Teerã e conversa com seus caronas. O primeiro é o filho Amin, alguns anos mais velho, interessado agora não mais em afrontar a mãe, mas em especular sobre sexo e amor.

O procedimento automobilístico vai mudando à medida que o estado de saúde de Mania se deteriora. Ela está em luta contra um câncer de mama. A quimioterapia tornou dispensável o véu sobre os cabelos, mas sua expressão mantém a mesma força. Mania é uma mulher e tanto. Pena que não pôde atender ao convite para vir ao Femina – que vai exibir também suas obras de videoarte na quarta-feira. Em 10+4, quando fica impossibilitada de dirigir, ela passa a conduzir seus encontros no banco traseiro do carro. Numa cena impressionante, perturbada por algum sintoma desagradável, ela se ausenta mentalmente enquanto duas amigas conversam ao seu lado.

Ainda teremos cenas de Mania num teleférico e num quarto de hospital, mas a ênfase não está no sentimentalismo. Diante dessa câmera fixa, desencarnada, sem um olho humano por trás, ela investiga o interior de sua alma. É como se fosse uma câmera de vigilância voltada para dentro da realizadora-paciente. A linha que separa a arte da vida é cruzada todo o tempo porque Mania resiste em separar os dois territórios. Assim como as canções que ela, mesmo enfraquecida, teima em entoar no hospital, o filme é uma instância de intercâmbio afetivo, um ato de fé na sobrevivência.


DocBlog

País árabe nomeia embaixadora judia


RIO - Pela primeira vez na História, um país árabe nomeou uma mulher judia como embaixadora. Houda Ezra Nonoo, de 43 anos, será a representante do Bahrein em Washington, capital americana. O decreto da nomeação foi assinado pelo rei Hamad Ibn Isa Al-Khalifa, informou nesta quinta-feira o jornal "Haaretz".

Houda é a atual presidente da Sociedade de Direitos Humanos do Bahrein e foi recentemente eleita para o Parlamento, apesar da pequena comunidade judaica no país do Golfo Pérsico.

A família de Houda é originária do Iraque. No século XIX, os antepassados emigraram para o Bahrein. Em 1948, após a criação de Israel, muitos familiares deixaram o Bahrein e seguiram para o país recém-fundado. Os pais de Houda, que ainda não era nascida, resolveram ficar.

A nomeação de Houda está sendo descrita por especialistas em Oriente Médio como uma amostra dos crescentes esforços do governo de Bahrein para incluir mulheres e minoria religiosas no processo político e uma indicação de que o país está considerando seriamente as preocupações dos EUA quanto a democracia e a igualdade no reino árabe.

Fonte: O Globo Online

quinta-feira, junho 05, 2008

Prédio que gira é sensação em Dubai


O Rotating Tower, projeto do arquiteto David Fisher, terá 68 andares que giram 360º de forma independente. O skyline de Dubai ficará ainda mais exótico.

Por Márcia Carini

Cada andar da torre Rotate Building pode dar um giro independente de 360º. Com isso, o projeto do arquiteto radicado na Itália, David Fisher, promete mudar de aparência a cada cinco minutos. Seus 310 m de altura abrigarão um hotel seis estrelas, escritórios, apartamentos residenciais e uma vila, que ocupará os andares superiores. Claro que a fachada mutante é o que mais chama atenção, mas o prédio de 330 milhões de dólares guarda outros segredos que o fazem absolutamente inovador. Veja algum deles:

- turbinas eólicas, posicionadas entre os andares que se movem, mais a fachada revestida de placas com células fotovoltaicas produzirão toda a energia elétrica de que o prédio precisa e ainda energia sobressalente para outros prédios. Isso vai gerar uma economia de 7 milhões de dólares por ano;
- 90 % do prédio é feito fora do canteiro de obra. Casa andar é dividido em 12 módulos pré-fabricados que são encaixados em uma eixo central (esse eixo central, com elevadores e escadas de emergência, é a única coisa construída no canteiro e com concreto tradicional);
- o canteiro de obra contará com 90 operários apenas. Um prédio dessa dimensão, normalmente, requer 2000 operários;
- o prédio será 1,3 vezes mais resistente a terremotos que os prédios tradicionais, graças à tecnologia que permite andares desvinculados uns dos outros;
- a construção ficará pronta em 18 meses (contra os 30 que pediriam a construção de um prédio convencional).

Parceiros como Kerakoll, Barker Mohandas (do setor de transportes) e IV Industrie (engenharia mecânica) participam da empreitada. O projeto do escritório deve ser implementado em mais 11 capitais do mundo, como Moscou, Nova York e Tóquio.

Fonte: casa.com.br

quarta-feira, junho 04, 2008

Regiões da Alemanha enfrentam a banalização da violência extremista

Ataques incendiários e racistas, perpetrados por extremistas de direita, fazem parte do cotidiano de certas regiões da Alemanha. As autoridades temem que o cenário neonazista do país esteja tornando-se cada vez mais violento

De Stefan Berk, Markus Deggerich e Sven Röbel

Os incendiários chegaram na noite da véspera do aniversário de Adolf Hitler. Após tentarem queimar uma quiosque de comida asiática na praça em frente à estação de trem de Blankenfelde, uma cidade no Estado alemão oriental de Brandenburgo, eles voltaram a sua atenção para outro quiosque, que vendia doner kebab (churrasco turco, grelhado, vendido em espeto), de propriedade de Haci D., 39. O fogo consumiu rapidamente a parede externa de madeira e tomou conta do quiosque inteiro. Ao raiar do dia, em 20 de abril, Haci D. perdera o seu ganha-pão.

Haci D. tentou várias vezes fazer um seguro para o seu negócio, mas não encontrou uma só companhia que o aceitasse. Seguro contra incêndio para um quiosque turco de doner kebab em Brandenburgo? Haci D. diz que, oficialmente, as companhias de seguro citaram "riscos estruturais" como motivo para rejeitarem o seu pedido.

Atualmente, esses "riscos estruturais" afetam a própria base de uma sociedade na qual a violência extremista de direita tornou-se normal. "O extremismo de direita faz parte do cotidiano, e só atrai atenção quando os crimes são demasiadamente horrendos", diz Wolfgang Thierse, vice-presidente social-democrata da casa baixa do parlamento alemão, o Bundestag.


Neonazistas protestam em Berlim contra o governo alemão em manifestação de 2001


As estatísticas são alarmantes. Em 2007, 24 ataques incendiários perpetrados por extremistas de direita foram relatados, contra 18 do ano anterior. Os alvos são estrangeiros -incluem mesquitas, automóveis e cafés de imigrantes.

"Esses são crimes que representam uma ameaça à segurança pública, e que podem culminar com o assassinato de pessoas", adverte Heinz Fromm, presidente do serviço de inteligência interna da Alemanha.

A tendência ao aumento desses casos parece continuar neste ano. Os números de março são os maiores em vários anos. Em toda a Alemanha a polícia documentou um total de 1.311 crimes cometidos por extremistas de direita e racistas, o que significa um aumento de 458 casos em relação ao mesmo mês do ano passado. Os incidentes incluem 72 atos violentos, revelou o governo em resposta a um questionamento feito por Petra Pau, a vice-presidente do Bundestag, que pertence ao Partido Esquerda.

Nova tendência de "nacionalistas-anarquistas"
Agentes de inteligência identificaram um novo fenômeno extremista de
direita: os chamados nacionalistas-anarquistas. "Há uma probabilidade significativamente maior de que esses indivíduos cometam atos de violência contra rivais políticos e a polícia", afirmam os agentes.

Após as manifestações violentas de rua ocorridas em maio, em Hamburgo, a polícia está bastante consciente da ameaça representada por este novo grupo de brutamontes extremistas. Em Hamburgo, eles participaram da confusão usando os mesmos trajes pretos e exibindo um nível de agressão similar ao dos anarquistas de esquerda. Foi necessário um esforço maciço da polícia para evitar que a situação saísse de controle. De acordo com o ministro do Interior, o democrata-cristão Wolfgang Schäuble, o que ocorreu em Hamburgo comprova que há uma "nova qualidade" de violência.

Os nacionalistas-anarquistas contam com 400 membros em suas fileiras, o que representa aproximadamente 10% da comunidade neonazista da Alemanha. Eles formam a linha de frente de um movimento violento mais amplo que ganha terreno no oeste da Alemanha. Esse movimento está estabelecido há muito tempo no leste do país, área na qual ele sente-se intocável e onde, em certos locais, passou a dominar a vida diária.

No ano passado, o maior número de ataques incendiários perpetrados por neonazistas ocorreu no Estado oriental de Brandenburgo, especialmente nas imediações da cidade de Cottbus, onde, somente em outubro de 2007, quatro estabelecimentos comerciais de propriedade de estrangeiros foram atacados. Os investigadores acreditam que uma estrutura organizada esteja por trás da série de ataques aparentemente orquestrados. Mas, embora o risco de tais ataques esteja aumentando, a população presta menos atenção a eles.

"Os extremistas de direita não tornaram-se menos perigosos", afirma Anetta Kahane, da Fundação Amadeu Antonio Contra o Extremismo de Direita. "O que ocorreu foi que a nossa percepção do problema mudou". Kahane percebeu uma crescente "cultura do cansaço e da habituação ao fenômeno". Segundo ela, esta cultura tem possibilitado aos extremistas de direita tornarem-se ostensivamente agressivos.

Frankfurt an der Oder, uma cidade no leste do país, na fronteira com a Polônia, é o local onde a violência de extrema direita transformou-se em um fenômeno diário. Paradoxalmente, o ultra-direitista Partido Democrático Nacional (NPD, na sigla em alemão) não conseguiu obter uma única cadeira nas recentes eleições municipais da cidade. No entanto, a prefeitura e a polícia municipal sabem muito bem que há um grande potencial para a violência da extrema-direita.

O "Sportlerklause", um bar da cidade que exibia eventos esportivos na televisão, e onde reuniam-se os neonazistas que praticam a violência, foi fechado. Na cidade há precisamente aquele tipo de ambiente que preocupa as autoridades: um perigoso cenário formado por hooligans, conjugado ao clube local de futebol, o FFC Viktoria.

A polícia calcula que o grupo tenha 40 ou 50 extremistas de direita propensos à violência. E estes indivíduos já atacaram várias vezes.
Antigamente o NPD recrutava os seus guarda-costas entre os torcedores desse time de futebol. Agora, entretanto, o grupo parece estar organizando-se por conta própria. Há até fotografias mostrando torcedores radicais fazendo a saudação a Hitler, e usando roupas com o emblema da SS, que consiste de um caveira e ossos cruzados.

Ataques e intimidação
Poucos dias atrás, homens mascarados atacaram novamente, espancando estudantes em frente a um clube em Frankfurt an der Oder. Os porteiros do clube alertaram a polícia, e conseguiram evitar que o incidente descambasse para algo mais sério do que chutes e socos. Sete suspeitos foram detidos, todos eles membros da comunidade de extrema-direita. Mas, como nenhum deles fez a saudação a Hitler nem gritou slogans como "Fora esquerdistas!", durante o incidente noturno, é improvável que o episódio seja registrado pelas autoridades policiais como um ataque da direita.

Christof Winter, um estudante de 25 anos, documentou incontáveis incidentes, incluindo ataques em plena luz do dia e brigas em discotecas, bem como os onipresentes slogans e símbolos em grafite pintados nos edifícios. Winter conhece muitos dos extremistas de direita pelo nome. Ele prefere locomover-se de bicicleta pela cidade, em vez do usar o bonde. Ele também evita freqüentar as discotecas. Os neonazistas o conhecem, e também vigiam Katja Herrlich, 34, uma advogada que colaborou com Winter na sua pesquisa. Ela diz que já se sentiu ameaçada várias vezes. Katja já está acostumada ao fato de os neonazistas locais dirigirem-se a ela pelo primeiro nome na rua, com frase aparentemente inócuas como, "Oi, Katja". Ela diz que a mensagem que eles desejam transmitir é que sabem onde encontrá-la.

Uwe Adler, 36, da aliança de cidadãos contra o extremismo de direita em Weimar, no Estado oriental da Turíngia, diz que passa por experiências semelhantes. Ele pertence ao comitê municipal de assuntos da juventude, e certa vez viu dois neonazistas conhecidos pelas autoridades locais sentados no fundo da sala durante uma reunião pública. Eles pareciam tomar notas da discussão dos problemas referentes à juventude de Weimar.

"Os extremistas de direita embarcaram em um processo de normalização nas cidade e vilas do país", afirma Adler. Alguns grupos patrocinam campanhas de coleta de lixo nas florestas locais, argumentando que estão "protegendo o meio-ambiente para proteger a pátria".

A extrema-direita está tentando reinventar-se como defensora dos cidadãos comuns. "Consciência social só pode ser consciência nacional", é o novo slogan criado pelos anti-capitalistas de extrema-direita. Ao abordarem questões sociais, os neonazistas tentam fazer com que a violência contra dissidentes e os que "vivem da previdência social" seja socialmente aceitável. "Onde quer que o Estado e a sociedade civil recuem, os extremistas de direita preenchem o vácuo", alerta Anetta Kahane, da Fundação Amadeu Antonio.

Socos-ingleses e máscaras de esquiador
A estratégia de intimidação está funcionando. Em cidades como Weimar, indivíduos como o ativista Uwe Adler ainda conseguem encontrar pessoas que apóiam a aliança de cidadãos, "embora o número tenha caído". Em abril, o grupo conseguiu impedir uma marcha neonazista em Weimar, a cidade dos poetas Goethe e Schiller.

"Porém, quando visitei recentemente Apolda, uma cidade próxima, o medo era quase palpável". Os skinheads que o conhecem pelo nome ficaram em frente ao salão da assembléia para a qual Adler dirigiu-se a fim de criar uma aliança de cidadãos. Os skinheads filmaram as pessoas que entravam no edifício.

O resultado da reunião foi desanimador. Segundo Adler, é difícil encontrar "qualquer cidadão comum disposto a distribuir ocasionalmente um panfleto informativo sobre o extremismo de direita na área do centro da cidade. Alguns deles têm medo, e outros ou são indiferentes ou simpatizam secretamente com os neonazistas". Os pais de Adler ficaram preocupados quando websites de extremistas de direita passaram a exibir a sua foto, bem como o seu nome e endereço, como se ele fosse um criminoso procurado.

O depoimento em um julgamento que está ocorrendo na cidade oriental de Dresden expôs algumas das táticas intimidatórias usadas pelos neonazistas. Os réus são membros da "Sturm 34", uma gangue que foi banida. Peter E., 24, um "ex-motorista" do grupo, relatou exemplos assustadores do modus operandi dos neonazistas. De acordo com o seu depoimento, cerca de 50 jovens agruparam-se em torno da antiga bandeira imperial da Alemanha, um dos símbolos dos neonazistas, na cidade de Mittweida, em 2006, a fim de comemorar a criação do grupo. A seguir, um dos réus, Alexander G., apelidado de "Stormer", subiu em uma mesa e proclamou em voz alta a fundação da Sturm 34. O material da gangue incluía luvas cheias de areia para aumentar o impacto dos socos e, segundo Peter E., socos-ingleses e máscaras de esquiador.

Caçada às vítimas
A Sturm 34 não perdeu tempo para colocar os seus preparativos em prática. Em um episódio, a gangue atacou um camping em Mittweida, e em outro eles atacaram um pavilhão onde ocorria um festival local. Segundo os investigadores, cerca de 30 membros chegavam em automóveis, organizavam-se em formação militar e atacavam. O grupo também caçava sistematicamente as suas vítimas em perseguições automobilísticas.

Embora a Sturm 34 esteja agora oficialmente desmantelada, a violência da extrema-direita encontra-se bem viva na região. No início deste ano, skinheads em quatro carros atacaram cinco rapazes da cidade de Geringswalde quando estes retornavam de automóvel para casa. Os neonazistas obrigaram os rapazes a parar o carro, e a seguir vários extremista mascarados os espancaram com porretes e tacos de beisebol.

Os extremistas de direita têm sido especialmente eficientes em disseminar o medo entre os turcos, diz Kenan Kolat, da Comunidade Turca na Alemanha, um grupo que defende os direitos dos imigrantes. Os quiosques de doner kebab são tidos como alvos particularmente fáceis.

Isto, por sua vez, criou um nicho de mercado no setor de seguros. Como as seguradoras alemãs têm se recusado a fornecer seguro contra incêndio a pessoas como Haci D., firmas pequenas e especializadas passaram a entrar em contato com a associação da comunidade turca para oferecer proteção contra incêndio e sistemas de alarme. Os representantes vendem os seus serviços aos empresários turcos, afirmando que um sistema de alarme garantirá que "a mesma coisa não aconteça novamente".

Em uma visita à cidade ocidental de Solingen, na semana passada, para a cerimônia de lembrança do 15º aniversário de um ataque mortífero contra uma família turca, Kolat pôde ver de perto como é a vida para os imigrantes turcos ameaçados pela violência extremista de direita. Em 29 de maio de 1993, quatro homens de uma comunidade skinhead local incendiaram a entrada da casa da família turca Genç. Duas mulheres e três meninas morreram no incidente.

Os sobreviventes permaneceram em Solingen, onde construíram uma nova casa -rodeada por um muro e protegida por câmeras de vídeo 24 horas por dia.

Tradução: UOL