quarta-feira, dezembro 17, 2008

Facebook remove página de grupo favorável a massacre na Bósnia

SARAJEVO (Reuters) - O site de relacionamentos Facebook fechou a página de um grupo sérvio que elogiou o massacre de 8 mil muçulmanos em Srebrenica, ocorrido em 1995, após protestos online de cerca de 14 mil pessoas na Bósnia, na Sérvia e na Croácia.

O grupo "Noz Zica Srebrenica", escrevendo em alfabeto cirílico sérvio, elogiava a detenção e o assassinato de cerca de 8 mil meninos e homens muçulmanos em Srebrenica, em 1995, pelas forças sérvias bósnias, comandadas pelo general fugitivo Ratlko Mladic.

"Para todos aqueles que respeitam as ações de Ratko Mladic", dizia o grupo nacionalista de mil integrantes. "Para todos aqueles que acham que os muçulmanos ficam melhores no espeto e enquanto nadam em ácido sulfúrico."

Um grupo rival multi-étnico, criado na última segunda-feira na província sérvia de Sandzak, dominada por muçulmanos, sob o nome "Close Group Noz Zica Srebrenica", reclamou ao Facebook sobre a página e cresceu, em uma semana, para aproximadamente 30 mil integrantes.

Em resposta a uma entrevista da Reuters, um porta-voz da Facebook disse que, embora a polêmica sozinha não seja uma razão para parar conversações online, "quando o conteúdo viola nossos termos de uso, não hesitamos em removê-lo".

terça-feira, dezembro 16, 2008

Jornalista que atirou sapato é espancado na prisão, diz irmão

da BBC

O jornalista iraquiano Muntadar al Zaidi, que atirou um sapato contra o presidente americano, George W. Bush, neste domingo (14), foi espancado na prisão, afirmou o irmão do repórter à BBC. Segundo ele, Zaidi teve a mão e as costelas quebradas por conta do espancamento e teria sofrido sangramento interno e um ferimento no olho.

A BBC tentou entrar em contato com o Conselheiro de Segurança Nacional iraquiano, Mowaffaq al Rubaie, mas ele não estava disponível para comentar as alegações feita pelo irmão do jornalista. Dargham, irmão do repórter, disse que acredita que Zaidi tenha sido levado a um hospital militar americano em Bagdá.

Ele disse ainda que vários advogados se ofereceram para ajudar o irmão, mas que nenhum deles teve acesso a Zaidi desde que ele foi detido.

Desde o incidente, diversos protestos foram realizados no Iraque em apoio ao jornalista e pedindo sua libertação. Autoridades iraquianas afirmaram que o jornalista será processado de acordo com a lei iraquiana, mas ainda não está claro as acusações que ele deverá sofrer.

Imagens demonstram que Bush falava ao lado do primeiro-ministro do Iraque, Nuri al Maliki, quando o repórter se levantou, a cerca de um metro de distância do americano, e gritou, em árabe: "este é o seu beijo de despedida, seu cachorro". Bush desvia dos sapatos antes de o jornalista ser contido e arrastado para fora da sala. Bush minimizou o incidente.

No Iraque, atirar um sapato contra alguém é considerado um grande insulto, pois significa que o alvo é inferior a um sapato, sempre em contato com o chão e a sujeira.


Leia também: "
Vice dos EUA defende prática de asfixia simulada em interrogatórios"

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Go out USA

Crianças brincam com sapatos do jornalista iraquiano Muntadar al-Zeidi, que atirou seus calçados no presidente americano George W. Bush durante uma entrevista coletiva em Bagdá no domingo (14). Os meninos, vizinhos do jornalista, fazem a brincadeira em frente a seu apartamento na capital do Iraque no dia seguinte ao incidente.
[AP]


Sapato é hasteado em protesto nesta segunda-feira em Bagdá, no dia depois que um jornalista iraquiano atirou seus sapatos contra Bush na visita do presidente dos EUA ao país.
[AP]

domingo, dezembro 14, 2008

Reconstrução do Iraque representou um fracasso de US$ 100 bilhões

WASHINGTON, 14 dez 2008 (AFP) - Um relatório não publicado do governo dos Estados Unidos afirma que os esforços americanos para reconstruir o Iraque foram prejudicados por problemas burocráticos provocados pela guerra, violência e pela ignorância de elementos básicos da sociedade iraquiana, resultando em um fracasso de 100 bilhões de dólares, informa o site do jornal New York Times.

O jornal afirma que teve acesso a uma cópia do relatório de 513 páginas do governo federal sobre a história dos esforços de reconstrução. O NYT acrescenta que o documento circula em Washington de forma discreta entre um pequeno grupo de revisores técnicos, analistas políticos e conselheiros.

O documento tem uma reclamação do ex-secretário de Estado Colin Powell de que depois da invasão de 2003, o Departmento de Defesa "continuou inventando números sobre as forças de segurança do Iraque - o número pulava 20.000 por semana! Nós agora temos 80.000, agora 100.000, agora 120.000".

A conclusão do histórico é que o governo americano não possui no Iraque as políticas nem a estrutura organizacional que seriam necessárias para levar adiante o maior programa de reconstrução desde o Plano Marshall, segundo o relatório.

Além disso, o documento destaca que os esforços de reconstrução não fizeram muito mais que restaurar o que havia sido destruído durante a invasão e nos saques registrados pouco depois, indica o NYT.

Até meados de 2008, segundo o relatório, 117 bilhões de dólares foram gastos na reconstrução do Iraque, incluindo quase US$ 50 bilhões em dinheiro dos contribuintes americanos.

Em um determinado momento, um oficial da Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional recebeu quatro horas para determinar quantas milhares de estradas iraquianas precisariam ser reparadas ou reabertas, cita o jornal.

O oficial pesquisou nos arquivos de referência da agência e a estimativa dele entrou direto no plano geral.

O dinheiro para muitas das obras de reconstrução foi dividido em um sistema de espólio controlado por políticos locais e chefes tribais, acrescenta o New York Times.

"Nosso presidente do conselho distrital virou o Tony Soprano de Rasheed, em termos de controle dos recursos", cita o jornal como uma declaração de um funcionário da embaixada americana em Bagdá, que acrescentou: "Você vai usar meu empreiteiro ou o trabalho não será feito".


Leia também "Pentágono forjou progressos sobre reconstrução do Iraque, diz jornal"

domingo, dezembro 07, 2008

Líder de colonos judeus é indiciada por ataques na Cisjordânia

GUILA FLINT
da BBC Brasil, em Tel Aviv

A prisão de uma das principais líderes de colonos israelenses na Cisjordânia foi o último desdobramento de uma onda crescente de episódios de violência de colonos contra palestinos e até mesmo contra policiais e soldados israelenses.

Daniela Weiss, 63, foi indiciada nesta sexta-feira por abrigar em sua casa dois suspeitos de incendiar olivais da aldeia palestina de Kadum. Ela também foi acusada de agredir policiais e de tentar obstruir as investigações subseqüentes.

Mais que um episódio isolado, a prisão reflete o problema, cada vez maior segundo fontes israelenses, da violência de colonos israelenses contra palestinos e mesmo contra as forças de segurança da região.

Um estudo recente da ONU afirmou que os ataques de colonos chegaram a 222 só na primeira metade deste ano, contra 291 em todo o ano de 2007.

"Há um aumento da violência por parte de judeus em Judéia e Samaria (nomes bíblicos para o sul e o norte da Cisjordânia)", disse o general israelense Gadi Shamni, comandante das forças que controlam a Cisjordânia.

Para o general, "trata-se de uma mudança muito significativa" porque, no passado, apenas alguns indivíduos se envolviam em atividades deste tipo.

Hoje, diz o general, "centenas estão envolvidos em ações conspiratórias contra palestinos e contra as forças de segurança".

Atentado

Daniela Weiss, uma das principais fundadoras do movimento de colonização dos territórios palestinos, ocupados por Israel durante a guerra de 1967, foi indiciada nesta sexta-feira em um tribunal na cidade de Kfar Saba pelo caso do incêndio de olivais na aldeia palestina de Kadum, no norte da Cisjordânia.

Weiss, que faz parte da liderança do movimento dos colonos desde os anos 70, também esteve envolvida na tentativa de instalar um assentamento ilegal, denominado Shvut Ami, nas terras da aldeia de Kadum. A colônia clandestina foi desmontada na quinta-feira pelo Exército israelense.

De acordo com o jornal "Haaretz", o incêndio teria sido uma represália dos colonos à retirada do assentamento ilegal.

O incidente na Cisjordânia ocorre uma semana depois de um atentado, em Jerusalém, contra o intelectual pacifista Zeev Sternhell.

Bomba

Sternhell, 73, um conhecido crítico da ocupação e da colonização dos territórios palestinos, ficou levemente ferido quando uma bomba explodiu junto à porta de entrada de sua casa.

A polícia atribui o atentado a extremistas de direita, mas ainda não prendeu os responsáveis.

Após escapar do incidente, Sternhell afirmou que o atentado "demonstra que a violência dos colonos está vazando dos territórios ocupados para dentro de Israel".

"Se colonos que espancam palestinos, derrubam suas árvores e destroem suas casas, ficam impunes, essa violência também pode ocorrer para o lado de cá da Linha Verde (dentro das fronteiras de Israel)", acrescentou.

Especialista na história do fascismo italiano, Sternhell disse que "esse tipo de impunidade levou ao colapso de democracias frágeis na Europa".

"O atentado contra mim demonstra que a democracia israelense é frágil e que a sociedade deve se organizar para defendê-la", completou.


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Curiosidades

# Na cidade palestina de Hebron, em enclaves fortificados, vivem aproximadamente 650 judeus. O exército israelense mantém no local três militares por colono.

# ONGs denunciaram recentemente que 90% dos processos apresentados por palestinos que sofreram algum tipo de abuso por parte de soldados israelenses são arquivados sem que se abra o julgamento. Ainda segundo o El Pais, esses abusos são comuns na região.

# Este ano um soldado celebrou seu licenciamento das Forças forçando um grupo de palestinos a subirem em um veículo militar e depois jogou-os do carro que andava a 80 km/h. Um dos palestinos morreu e outro ficou gravemente ferido. O soldado foi condenado a seis anos de prisão depois de um acordo judicial.