Evitando criar expectativas em torno de medalhas, o saltador também já elegeu seu principal adversário: ele próprio.
Quinto lugar nos Jogos de 2004 em Atenas, Jadel diz que desde seu desempenho na Grécia "mudou 100 por cento", ganhou experiência e também esposa e dois filhos, dos quais um se dependurava na barra de sua calça durante entrevista a jornalistas no Clube Pinheiros, no final da noite de terça-feira.
"O concorrente que o Jadel tem em Pequim é o próprio Jadel", disse o atleta que antes de embarcar para Pequim em 29 de julho, disputa o Troféu Brasil esta semana e mais três competições na Europa no próximo mês. "Tenho treinado muito bem, me sinto mais que preparado que em 2004 e creio que até os Jogos Olímpicos a gente consiga encaixar uma série de saltos bons."
Apesar de não estabelecer metas para os Jogos, ele afirma que um salto de 17,70 metros no Troféu Brasil o deixará satisfeito nessa fase de treinamentos. A melhor marca da carreira de Jadel são os 17,90 metros alcançados em Belém, no ano passado.
Jadel decidiu mudar sua programação de treinos de Londres para São Paulo antes das competições em Pequim, ficando mais perto da família e do público, mas acabou esbarrando em um problema vivido diariamente pelos moradores da cidade: o trânsito caótico.
"Aqui a única coisa que acaba me atrapalhando é o transito. Em vez de fazer duas sessões de treinos, estou fazendo uma mais longa por dia", disse Jadel, acrescentando que treina cerca de quatro horas por dia. "O que dá sorte é treinar, mas não existe sorte, existem boas energias. Sorte é treinamento, é dedicação, é garra, é confiança", responde ele de primeira ao ser questionado se tem algum ritual para ter uma ajuda extra na hora das provas.
O triplista de 2,02 metros de altura, 102 quilos e 28 anos de idade disse que os problemas de poluição e também o calor e umidade de Pequim durante os Jogos não devem atrapalhar seu desempenho. "Como a minha prova não exige tanto de resistência, creio que não vai atrapalhar, mas, com certeza, para o pessoal que faz longa distância vai atrapalhar um pouco."
O técnico Cláudio Castilho, que treina os fundistas José Teles e Gladson Barbosa, concorda. "A gente vai estar muito mais preocupado com o clima, que vai estar quente, que propriamente com a poluição", comentou.
"Quando você faz associação de temperatura alta, umidade relativa alta, isso para o atleta de meio fundo e fundo é bombástico. Você não consegue extrair de maneira geral o melhor resultado possível. Eles sofrem demais, desidratam muito."
Castilho lembrou do Mundial de Osaka, disputado no Japão em meados do ano passado, em que muitos atletas pararam devido às condições de prova com temperatura na casa dos 34 graus e mais de 80 por cento de umidade relativa do ar.
A delegação brasileira de atletismo para os Jogos por enquanto conta com 37 atletas e o total pode chegar a 40. Na China, a equipe ficará concentrada até 10 de agosto em Macau, região de colonização portuguesa no país asiático, antes de seguir para a Vila Olímpica, em Pequim, afirmou Castilho.
(Por Alberto Alerigi Jr.)
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