sexta-feira, outubro 31, 2008

Eleições nos EUA e a Islamofobia

Por Michael Conlon

CHICAGO (Reuters) - Esses são tempos desconfortáveis para os norte-americanos muçulmanos, atingidos pelas reverberações de uma campanha presidencial na qual a informação falsa sobre Barack Obama ser muçulmano vem sendo usada como arma por alguns que relacionam o Islã ao terrorismo.

O candidato democrata à Casa Branca, que pode se transformar no primeiro negro a comandar os EUA e cujo nome do meio é Hussein, é cristão. Filho de pai queniano e de mãe norte-americana, Obama passou parte de sua infância na Indonésia, um país majoritariamente islâmico.

A idéia de que o democrata é muçulmano circula na Internet há meses. Alguns a divulgam tentando reforçar a opinião de que Obama não seria o homem certo para ocupar a Casa Branca.

Desde a eleição de John Kennedy em 1960, a primeira vencida por um presidente católico, o credo religioso de um candidato ao cargo não gerava tantas distorções, afirmaram cerca de cem "estudiosos preocupados" e outros que assinaram uma proclamação no dia 7 de outubro para combater a islamofobia que estaria aumentando.

Nas últimas semanas:

- Mais de 20 milhões de cópias em videodisco do filme chamado "Obsession: Radical Islam's War Against the West" (obsessão: a radical guerra do Islã contra o Ocidente) foram adicionadas como suplemento promocional em jornais do país todo, muitos deles de Estados decisivos para o pleito, locais onde Obama e seu adversário, John McCain, disputam palmo a palmo o eleitorado. O filme, distribuído por um grupo particular que não teria relações com o comitê de campanha de McCain, mostra homens-bomba, crianças sendo treinadas para usar armas e uma igreja cristã que teria sido danificada por muçulmanos.

- Um candidato a vereador de Irvine (Califórnia), que é um muçulmano convertido, disse ter recebido telefonemas com a seguinte mensagem: "Eu quero cortar sua cabeça fora como merecem todos os muçulmanos", afirmou o jornal Los Angeles Times.

- Uma mesquita de um subúrbio de Chicago, cidade onde Obama mora, foi vandalizada ao menos quatro vezes nos últimos dois meses. Mensagens de ofensa ao Islã foram pichadas em sua parede exterior, e janelas e portas do local foram quebradas.

- Uma matéria sobre um comício realizado em Ohio para apoiar Sarah Palin (candidata a vice de McCain), matéria essa apresentada pela Al Jazeera e divulgada por meio do site YouTube, mostra uma mulher afirmando: "Ele não é cristão, e esta é uma nação cristã". Uma outra diz ser contrária a Obama por causa "de toda essa coisa muçulmana. Muitas pessoas esqueceram-se do 11/09 (os ataques de 11 de setembro de 2001). Isso é um pouco inquietante."

"É assustador ver, neste momento, o rótulo 'árabe' ou 'muçulmano' ser usado como um insulto", disse Ahmed Rehab, diretor-executivo do escritório em Chicago do Conselho sobre Relações Americano-Islâmicas (C.A.I.R.).

Tem-se a impressão de que os crimes de ódio aumentam quando a islamofobia torna-se mais frequente no discurso da opinião pública, incluindo a que continua a marcar esta campanha presidencial, afirmou Rehab.

O ex-secretário de Estado Colin Powell, um republicano que resolveu declarar no domingo seu apoio a Obama, fez um apelo por tolerância quando se referiu aos boatos sobre o candidato ser muçulmano.

"Há algum problema no fato de alguém ser muçulmano neste país?", perguntou o ex-secretário no programa "Meet the Press", da NBC.

"A resposta é 'não'. Isso não é os EUA. Há alguma coisa de errado se uma criança americano-muçulmana de 7 anos de idade acredita que um dia ele ou ela será o presidente deste país? Ainda assim, ouvi membros importantes do meu próprio partido sugerindo que 'ele é um muçulmano e ele pode estar associado a terroristas'.

Não é assim que deveríamos estar agindo nos EUA", afirmou Powell, deixando claro que esse tipo de sentimento não partia de McCain.

Os muçulmanos respondem por menos de 1 por cento da população do país, de 305 milhões de pessoas, segundo o Fórum Pew sobre Religião e Vida Pública. Alguns acreditam que esse número seria na verdade um pouco maior. Cerca de 33 por cento dos habitantes do planeta são cristãos e 21 por cento, muçulmanos.

Fonte: O Globo

Síria: milhares se manifestam contra ataque dos EUA

Milhares de pessoas se concentraram nesta quinta nas ruas de Damasco, perto da embaixada dos Estados Unidos na Síria, para condenar o ataque estadunidense contra uma localidade síria na fronteira com o Iraque, no qual morreram oito civis, incluindo crianças.

"Matar inocentes é um crime pelo qual é preciso prestar contas", dizem vários cartazes dos manifestantes, concentrados desde o início da manhã em uma praça no centro de Damasco.

Representantes religiosos, trabalhadores, sindicalistas, assim como alunos foram à ruas incentivados pelo regime sírio, que condenou energeticamente este ataque sobre o qual o Exército estadunidense ainda não se pronunciou oficialmente.

A Síria denunciou no domingo passado que quatro helicópteros estadunidenses provenientes do Iraque violaram o espaço aéreo sírio na zona de Abu Kamal, a cerca de 8 km da fronteira iraquiana, e atacaram um edifício civil em construção, o que causou a morte de oito civis.

Horas antes do começo desta grande concentração, a missão diplomática em Damasco anunciou que a embaixada permaneceria fechada hoje, devido "ao aumento da preocupação com a segurança".

As autoridades sírias mobilizaram um forte esquema de segurança e vários agentes fecham os acessos que levam à sede diplomática dos EUA, para evitar possíveis distúrbios.

Vários participantes entrevistados pela televisão estatal síria, que mostrou imagens da manifestação ao vivo, expressaram sua rejeição ao ataque ao que qualificaram de "ação terrorista".

"Não podemos esperar as decisões dos organismos oficiais, temos que agir e boicotar os produtos estadunidenses", disse um cidadão, que não se identificou.

A condenação contra os Estados Unidos se mistura, também, com palavras de ordem e de apoio ao regime sírio e a seu presidente, Bashar al-Assad, cuja foto é levada por centenas de manifestantes.

EFE

Israelenses reclamam de site que os coloca como "palestinos"

Queixas de colonos judaicos furiosos pelo site de redes sociais Facebook tê-los listado como moradores da "Palestina" levaram o popular site a permitir que os usuários voltem a se designar como moradores de Israel. Os usuários do Facebook que vivem em Maale Adumin, Ariel e outros grandes assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada protestaram quando o site automaticamente designou sua moradia como "Palestina". Um grupo de colonos acusou a empresa de ter motivações políticas.

"Fiquei surpreso e decepcionado por ver minha cidade, Ariel, descrita no Facebook como parte de um país chamado Palestina", escreveu Ari Zimmerman em uma mensagem publicada no Facebook. "Sou cidadão de Israel, como todos os demais moradores de Ariel. Não vivemos na 'Palestina'. Aliás, ninguém vive."

Brandee Barker, diretora de comunicações do Facebook, disse que os usuários que vivem nos grandes assentamentos agora podem optar entre serem listados como moradores de Israel ou da Palestina. "Os usuários israelenses nos assentamentos de Maale Adumin, Beitar Illit e Ariel, na Cisjordânia; agora podem escolher entre Israel e Palestina como identificação de residência", afirmou Barker em e-mail enviado à Reuters.

Israel quer reter Maale Adumin e outros grandes blocos de assentamentos, em caso de futuro acordo de paz com os palestinos. "Também oferecemos a opção entre Palestina e Israel no caso de Hebron", disse Barker, em referência à grande cidade da Cisjordânia que abriga cerca de 150 mil palestinos e 400 colonos judaicos.

Barker disse que cerca de 18 assentamentos na Cisjordânia estão hoje listados no Facebook, e que muitos mais seriam acrescentados no futuro, e que todos os moradores poderiam optar entre Palestina ou Israel como identificação de residência.

Em uma mensagem em página do Facebook usada pelos colonos judaicos, Channah Lerman escreveu: "Estejam atentos! Caso vocês restaurem as cidades da Judéia e Samaria (Cisjordânia), as pessoas ficarão ainda mais enraivecidas do que já estão. A Palestina não é um país."

Enquanto isso, usuários palestinos que criaram perfis no Facebook ameaçam cancelar suas contas se a Palestina for removida do site. Um dos grupos chamado "Se a Palestina for retirada do Facebook, eu fecho minha conta" tem mais de 4,7 mil membros.

"Criamos este grupo para permitir que nossas vozes sejam ouvidas não somente pela administração do Facebook, mas também por todos os usuários e para que todos saibam que a Palestina é e sempre será um país", disse Saif Qadomi, 20, fundador do grupo, à Reuters.

Israel capturou a Cisjordânia em 1967 e anexou a parte oriental de Jerusalém a seu território em um movimento que não recebeu reconhecimento internacional.

Reuters

quarta-feira, outubro 29, 2008

Por que ninguém protestou contra a maior mesquita da Alemanha

Carolin Jenkner

A maior mesquita da Alemanha foi inaugurada na cidade de Duisburg no domingo (25/10) e já se tornou um símbolo de integração de sucesso. Diferentemente de outros projetos de mesquitas na Alemanha, não houve virtualmente nenhum protesto da comunidade local.

A tenda próxima à mesquita, no bairro de Marxloh de Duisburg, uma cidade industrial e de mineração na região do Ruhr na Alemanha, podia acomodar 3.500 pessoas, mas não foi suficiente para a multidão que apareceu no domingo.

Milhares de cidadãos de Duisburg tiveram que ficar do lado de fora para testemunhar este dia histórico em uma tela gigantesca pública. A maior mesquita da Alemanha foi inaugurada e inclui um centro de convenções para todo o distrito -um projeto sem precedentes na Alemanha.

Políticos, representantes da igreja e o conselho da comunidade islâmica local concordam que a mesquita estabelece um exemplo de integração positivo.

O governador do Estado da Renânia do Norte-Vestfália, Jürgen Rüttgers, disse: "Precisamos de mais mesquitas neste país, não escondidas, mas visíveis e reconhecíveis". O prefeito de Duisburg, Adolf Sauerland, disse que sua cidade lidou bem com a integração.

Todos os palestrantes elogiaram o que distinguiu a nova mesquita de Duisburg de outros projetos de construção de mesquita de Alemanha: em Duisburg, não houve praticamente protesto algum contra a construção.

Pinturas elaboradas e bronze

"O fato de podermos todos nos unir para marcar a inauguração é realmente um pequeno milagre de Marxloh", disse Elif Saat, diretora do Centro de Educação do Sindicato Turco-islâmico Ditib de Marxloh.

Em contraste com os projetos recentes de construção de mesquitas em Colônia e Berlim, não houve campanhas locais contra a mesquita de Duisburg.

Os partidos de extrema-direita não conseguiram usar a mesquita para atiçar o sentimento anti-islâmico. Houve uma única manifestação pelo Partido Democrático Nacional de extrema-direita. Entretanto, o número de contramanifestações foi muito maior.

A reclamação ocasional de não-muçulmanos ouvida aqui e ali pareceu dar lugar gradualmente para o orgulho cívico pela construção de prestígio.

O domo tem 23 m de altura e o interior da mesquita, que pode acomodar até 1.200 fiéis, é decorado com pinturas elaboradas e bronze.

As janelas são de vidro azul e um candelabro dourado com vários metros de diâmetro fica pendurado no domo. Na sala de preces, os pés afundam no carpete.

Antes, os muçulmanos de Marxloh tinham que se virar com uma cafeteria fora de uso como local de adoração. Em seu lugar agora está uma casa de Deus digna e iluminada.

O prédio de 7 milhões de euros (cerca de R$ 21 milhões) tem um centro de convenções no subsolo que serve a todas as pessoas do distrito de Marxloh. O Estado da Renânia do Norte-Vestfália investiu 3,2 milhões de euros (aproximadamente R$ 9,6 milhões) no centro de convenções. O restante do dinheiro para a mesquita veio exclusivamente de doações.

Sem medo ou preconceito

O prédio já parece estar beneficiando o bairro. Assim que a construção começou, as casas recém construídas do outro lado da rua subitamente tornaram-se fácil de vender e os preços dos imóveis na área - que é marcada pelo alto desemprego e alta parcela de imigrantes - estão subindo.

Por que tudo ocorreu tão tranquilamente em Marxloh? Porque o minarete de 34 m tem a metade da altura da espiral da igreja católica local? Ou porque a comunidade islâmica decidiu desde o início dispensar o chamado do muezzin?

Essas podem ser duas questões simbólicas que contribuíram para o sucesso. Entretanto, muito mais importante, é o simples fato de as pessoas em Marxloh terem se sentado para conversar umas com as outras. Elas falaram abertamente sem medo ou preconceito e sem inibições.

Pessoas como Elif Saat e Zülfiye Kaykin, gerente do centro de convenções, e o porta-voz da imprensa Mustafa Kücük iniciaram o debate.

Todos os três são da segunda geração de imigrantes, filhos de "trabalhadores convidados" turcos que foram convidados para a Alemanha nos anos 50, 60 e 70 para superar a falta de trabalhadores enquanto a Alemanha desenvolvia seu milagre econômico.

Centro de reunião para a região

Eles se sentem alemães, estão prontos a arcar com a responsabilidade cívica e podem facilmente aparecer em qualquer programa de televisão e defender sua posição.

"Passamos muito tempo conversando com os outros, mas não sobre os outros", disse Kücük, 39, enquanto mostrava a mesquita.

Durante o dia, ele trabalha na siderúrgica Thyssen. À noite, ele trabalha para a comunidade. Agora, ele tirou férias do trabalho e passa 16h por dia mostrando o milagre de Marxloh aos jornalistas. Está sempre com pressa e tem dois telefones celulares nos bolsos de seu terno cinza que tocam constantemente.

Kücük e seus colegas tiveram a idéia de construir um centro de convenções além da mesquita, de fundir um local de adoração com um ponto de encontro para os moradores locais.

"Nós defendemos uns aos outros, nossa geração está pronta a assumir as responsabilidades", diz ele. E, como sua geração acreditava que uma construção como essa precisava do apoio de toda a comunidade, montou um conselho para permitir que todo o distrito discutisse o projeto.

O conselho também incluiu o padre católico Michael Kemper. Sua igreja, St. Peter's, fica a apenas 300 m da mesquita. "Eu fui a favor da construção da mesquita desde o início. Afinal, é uma casa de Deus", disse Kemper.

O padre elogiou as relações amigáveis com a comunidade muçulmana. Muitos filhos de muçulmanos visitam o jardim de infância católico e católicos e muçulmanos se reúnem nos festivais.

Os trabalhadores convidados chegaram

"Temos que permanecer unidos", disse o padre. Ele disse que há uma sensação de união no distrito. "A necessidade de comunicação está 1.000 m abaixo de nós, nas minas. Os mineiros alemães e turcos trabalharam lado a lado. Eles tiveram que ser capazes de compreender uns aos outros, confiar uns nos outros. Esse sentimento foi transmitido ao distrito.

Kemper, entretanto, diz que sempre houve ceticismo na comunidade. "Há um temor de ser dominado. Mas há uma aceitação crescente na comunidade. E, acima de tudo, há gratidão por tudo ter ocorrido em paz."

Ninguém em Marxloh quer os conflitos que aconteceram em Colônia.

O presidente da mesquita, Mehmet Özay, enfatizou esse ponto na cerimônia de abertura: "Posso assegurar que esta bela nova mesquita é bastante segura, não um símbolo de divisão social na Alemanha, mas um símbolo dos benefícios da interação humana, religiosa, cultural e social", disse ele.

Os trabalhadores convidados e seus descendentes, disse ele, agora chegaram plenamente em Duisburg e na Alemanha.

Tradução: Deborah Weinberg

terça-feira, outubro 28, 2008

Karadzic foi protegido pelos estadunidenses até 2000, segundo jornal

da France Presse, em Belgrado

Radovan Karadzic foi protegido pelos Estados Unidos até 2000, ano em que a CIA o flagrou rompendo os termos do acordo concluído entre eles e que lhe permitia escapar da justiça internacional, afirmou o jornal sérvio "Blic".

O ex-chefe dos sérvios da Bósnia, indiciado por genocídio e crimes de guerra, "contou com a proteção dos Estados Unidos até 2000, ano em que a CIA interceptou conversas telefônicas que mostravam claramente que ele seguia dirigindo pessoalmente seu partido", o SDS, escreveu o jornal, citando "uma fonte bem informada dos serviços de inteligência estadunidenses".

Radovan Karadzic afirmou que o negociador estadunidense Richard Holbrooke, um dos arquitetos do acordo de paz na Bósnia em 1995, lhe prometeu que escaparia da justiça internacional se se retirasse da vida pública. Holbrooke desmentiu a existência de tal acordo.

"Não estou seguro de que tenha existido um documento escrito confirmando este acordo, mas sei que Holbrooke admitiu que garantias verbais foram fornecidas a Karadzic nas mais altas esferas do poder estadunidense", destacou a fonte citada pelo Blic.

"Em novembro de 2000, no momento das eleições gerais na Bósnia, a CIA ficou sabendo que Karadzic seguia dirigindo o SDS (partido nacionalista sérvio fundado por ele no início dos anos 90), apesar do acordo estipulando que ele não devia se envolver com atividades políticas", prosseguiu a fonte.

"Em 2000, houve uma reunião do SDS na localidade de Bijeljina (leste da Bósnia) dirigida pessoalmente por Karadzic. Ele dava instruções aos militantes e designava os membros da direção que deviam ser substituídos, além das pessoas que deviam ser nomeadas", acrescentou.

"Karadzic esteve pessoalmente envolvido em todas as atividades do SDS. Os estadunidenses ficaram furiosos quando perceberam, e decidiram então suspender a proteção informal" com a qual contava o ex-chefe dos sérvios da Bósnia, concluiu a fonte.

Segundo o jornal sérvio, o acordo concluído com a CIA, a Agência Central de Inteligência estadunidense, também protegia Karadzic de outros serviços de inteligência, principalmente dos de França e Grã-Bretanha.


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quarta-feira, outubro 15, 2008

60ª Feira de Livros de Frankfurt

Turquia promete diversidade cultural na Feira de Frankfurt

Alcorão turco, em árabe

Feira de Livros destaca Turquia e suas minorias culturais em 2008. Além de divulgar publicações, o principal evento anual do setor editorial enfocará, em outubro, a diversidade de um país em rápida transformação.

Como país de destaque da próxima Feira de Livros de Frankfurt, a ser realizada de 15 a 19 de outubro, a Turquia pretende dar uma mostra de sua diversidade cultural. Cerca de 350 autores e tradutores turcos comparecerão ao evento para apresentar seu trabalho.

A inclusão de minorias culturais no programa foi ressaltada pelos organizadores. Entre os convidados, estarão – por exemplo – os escritores curdos Lal Lales e Seyhmus Diken, os armênios Migirdic Margosyan e Jaklin Celik, e o judeu Mario Levi.

Com uma mostra especial sobre literatura turca, os organizadores pretendem enfatizar aspectos menos conhecidos de uma longa tradição literária. A exposição pretende ilustrar a confluência de tradições árabes, armênias ou bizantinas que determinam a atual diversidade cultural da Turquia.

Mostrando a diversidade cultural

Em um país onde os intelectuais atualmente estão debatendo a possibilidade de conciliar o islamismo com a modernidade, a mistura cultural não é apenas um assunto literário, mas também político – sobretudo após a tentativa da Justiça turca de banir o partido do governo por suas raízes islâmicas, em nome da defesa do laicismo.

A Alemanha abriga a maior comunidade turca fora da Turquia. Os trabalhadores imigrados desde a década de 60 e seus descendentes compõem a maior minoria étnica do país. Pelo menos 2,5 milhões de pessoas têm origem turca no país e a literatura turco-alemã é bastante rica.

Nobel de Literatura vai inaugurar a feira

Orhan Pamuk, Nobel de Literatura de 2006, vai abrir a Feira de Livros na presença do presidente turco, Abdullah Gul. O escritor best seller esteve no centro de uma controvérsia internacional, após ter feito declarações que – segundo o código penal da Turquia – representariam um insulto à identidade turca.

Os organizadores pretendem não apenas dar uma mostra da rica literatura da Turquia, que em grande parte ainda aguarda traduções para outros idiomas, como também oferecer um contexto para a discussão de temas politicamente controversos sobre um país em dinâmica transformação.

Menos restrições às minorias

Os organizadores da participação da Turquia na Feira de Frankfurt fazem questão de enfatizar que o país progrediu muito em termos democráticos e que hoje já não há nenhum autor preso por suas opiniões políticas. Com a meta de se aproximar da União Européia, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, vem suspendendo restrições a minorias étnicas.

O mercado de livros turco, com 1.724 editoras, movimenta anualmente 516 milhões de euros. A Feira de Livros de Frankfurt é um importante trampolim para o lançamento de livros no mercado internacional. Dentro da Alemanha, o evento também tem a função de lançar títulos para a enorme demanda de livros populares durante a época de Natal.

Fonte: Deutsche Welle

quinta-feira, outubro 02, 2008

50º Prêmio Jabuti


O livro
O Canto da Unidade - Em Torno da Poética de Rumi, de Faustino Teixeira e Marco Lucchesi, obteve destaque junto aos 10 finalistas na categoria Melhor Tradução




Sinopse

Os 800 anos de nascimento do poeta persa Rumi completou-se em setembro de 2007. Em razão da singularidade e importância do poeta, nascido em Balkh, no atual Afeganistão, a Unesco consagrou a Rumi o ano de 2007. Este livro, organizado pelo escritor Marco Lucchesi e pelo teólogo Faustino Teixeira, tem como objetivo disponibilizar aos leitores brasileiros o acesso à riqueza poético-reflexiva de Rumi.

O livro reúne poemas traduzidos por Marco Lucchesi e Rafi Moussavi que expressam a grande riqueza da obra lírica de Rumi. Logo após os poemas, Lucchesi relata no seu Diário de um tradutor a experiência e as sutilezas do trabalho de tradução - "Quando estudo uma língua - mesmo que de modo instrumental, como é o caso do persa - , avanço por longas jornadas, que me tiram o sono, como se vagasse no limbo de indecifrados silêncios".

Em torno da poética de Rumi também apresenta artigos de Faustino Teixeira, Leonardo Boff, Mário Werneck Filho e Heliane Miscali.

"Entre as mais ricas mensagens deixadas por Rumi, e que permanecem atuais, estão a cortesia inter-religiosa e a delicadeza espiritual. É um místico marcado por grande liberdade, otimismo e ousadia. Não convida ninguém a romper com o caminho de sua tradição, mas insiste com vigor na necessidade de avançar para dentro da tradição, naquele núcleo mais íntimo onde brota a água vida da Realidade". Faustino Teixeira - A flama do coração: perspectivas dialogais em Rûmî.

"Rumi e Francisco de Assis nunca se encontraram. Entretanto, por 26 anos foram contemporâneos. Seguramente nunca um deles ouviu do outro. E, contudo, viveram uma mesma inspiração, experimentaram um mesmo enamoramento e deixaram que irrompesse neles a torrente generosa do amor". Leonardo Boff - O eixo do amor: Rumi e Francisco de Assis.

"A sublime leveza da poética de Rumi concita a flanar com o pensar". Mário Werneck Filho - Amor: universo em verso.

"Em Rumi, há palavras no silêncio e silêncio nas palavras. São, em sua poesia, dimensões que se interatravessam. Estas são razões que sustentam o aprofundamento sobre um aspecto que se revela tão valioso para a observação dos matizes mais inefáveis da mística e da poesia de Rumi". Heliane Miscali - Filho do silêncio, mestre das palavras: a linguagem mística do silêncio em Rumi.


Veja mais na página de Faustino Teixeira: A Paixão Pela Unidade

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Postagem atualizada em 15/10

Um dos autores deu uma passadinha no nosso blog e deixou o seguinte comentário:

Gostei muito da notícia que vocês deram desse livro que nos é muito querido. Queria apenas informar a vocês que essa obra acaba de ganhar o prêmio Mário Barata, concedido pela União Brasileira de Escritores (Rio de Janeiro), como o melhor livro de Crítica e Interpretação do ano de 2008. Um abraço, Faustino Teixeira