da France Presse, em Belgrado
Radovan Karadzic foi protegido pelos Estados Unidos até 2000, ano em que a CIA o flagrou rompendo os termos do acordo concluído entre eles e que lhe permitia escapar da justiça internacional, afirmou o jornal sérvio "Blic".
O ex-chefe dos sérvios da Bósnia, indiciado por genocídio e crimes de guerra, "contou com a proteção dos Estados Unidos até 2000, ano em que a CIA interceptou conversas telefônicas que mostravam claramente que ele seguia dirigindo pessoalmente seu partido", o SDS, escreveu o jornal, citando "uma fonte bem informada dos serviços de inteligência estadunidenses".
Radovan Karadzic afirmou que o negociador estadunidense Richard Holbrooke, um dos arquitetos do acordo de paz na Bósnia em 1995, lhe prometeu que escaparia da justiça internacional se se retirasse da vida pública. Holbrooke desmentiu a existência de tal acordo.
"Não estou seguro de que tenha existido um documento escrito confirmando este acordo, mas sei que Holbrooke admitiu que garantias verbais foram fornecidas a Karadzic nas mais altas esferas do poder estadunidense", destacou a fonte citada pelo Blic.
"Em novembro de 2000, no momento das eleições gerais na Bósnia, a CIA ficou sabendo que Karadzic seguia dirigindo o SDS (partido nacionalista sérvio fundado por ele no início dos anos 90), apesar do acordo estipulando que ele não devia se envolver com atividades políticas", prosseguiu a fonte.
"Em 2000, houve uma reunião do SDS na localidade de Bijeljina (leste da Bósnia) dirigida pessoalmente por Karadzic. Ele dava instruções aos militantes e designava os membros da direção que deviam ser substituídos, além das pessoas que deviam ser nomeadas", acrescentou.
"Karadzic esteve pessoalmente envolvido em todas as atividades do SDS. Os estadunidenses ficaram furiosos quando perceberam, e decidiram então suspender a proteção informal" com a qual contava o ex-chefe dos sérvios da Bósnia, concluiu a fonte.
Segundo o jornal sérvio, o acordo concluído com a CIA, a Agência Central de Inteligência estadunidense, também protegia Karadzic de outros serviços de inteligência, principalmente dos de França e Grã-Bretanha.
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