terça-feira, junho 26, 2007

Andrei Nekrasov

Alguns trabalhos do diretor russo:

2007:
A Rebelião: O Caso Litvinenko
2004:
Disbelief
2000:
Children’s Stories (realizado na Chechênia)

Disbelief - Sinopse


A explosão de uma bomba num prédio residencial em Moscou, com conseqüências fatais, incita uma série de questões sobre terrorismo e intriga pós-soviética. Um documentário sobre a nobre arte da decepção política, sobre violência e tragédia humana. O bombardeio do dia 9 de setembro de 1999 foi rapidamente atribuído a terroristas chechenos, mas realmente foi deles a responsabilidade? Ou será que o serviço secreto russo lhes atribuiu a autoria para aumentar a insegurança nacional e justificar o subseqüente ataque militar na recém-formada república da Chechênia?

sexta-feira, junho 22, 2007

Poemas de Guantánamo

Uma coleção quase clandestina de poemas escritos por prisioneiros da base militar americana de Guantánamo será lançada até o fim do ano por uma editora dos Estados Unidos
Poems from Guantánamos: The Detainees Speak ("Poemas de Guantánamo: Os Prisioneiros Falam", em tradução livre) já pode ser encomendada online no site da Universidade de Iowa Press.

Os organizadores da coleção disseram que os 22 poemas dos 17 autores foram inicialmente "escritos em pasta de dente, ou riscados com bolinhas de gude em copos de plástico", expressando o que chamam de "forma mais básica de arte".

Como qualquer comunicação escrita é considerada um potencial perigo – as autoridades consideram que poderia haver códigos secretos nelas – os textos tiveram de ser passados pelos presos aos seus advogados às escondidas dos guardas da prisão.

Um comunicado da editora diz que, depois, "cada linha teve de ser submetida ao escrutínio do Pentágono" antes de ser publicada.

Inimigos


Cerca de 380 prisioneiros considerados "combatentes inimigos" pelos Estados Unidos estão sendo mantidos em Guantánamo.

A prisão, para seus críticos, se tornou um símbolo do desrespeito aos direitos humanos por parte dos Estados Unidos em sua chamada "guerra contra o terror".

Um dos poemas, traduzido livremente abaixo, foi divulgado pela editora. O autor, Jumah al Dossari, é um prisioneiro de 33 anos do Bahrain, que está em Guantánamo há mais de cinco – desde 2003 – em regime solitário. Autoridades americanas dizem que ele já tentou o suicídio 12 vezes desde que foi preso:


Poema da morte (tradução livre)
Jumah al Dossari

Tome meu sangue
Tome minha mortalha e
Os restos de meu corpo.
Tire fotografias de meu cadáver no túmulo,
solitário.

Mostre-os ao mundo,
Aos juízes e
Às pessoas de consciência,
Mostre-os aos homens de princípio e os
justos

E deixe-os sentir o peso da culpa diante
do mundo,
Dessa alma inocente.
Deixe-os sentir o peso diante de suas
crianças e diante da história
Desta alma estragada, sem pecados,
Desta alma que sofreu nas mãos
dos 'protetores da paz'.


O livro deve chamar atenção para a situação dos presos em Guantánamo, muitos detidos sem julgamento e "em centenas de casos, presos em circunstâncias questionáveis".

O editor do livro, o professor assistente da Universidade de Norte Illinois e advogado de 17 prisioneiros em Guantánamo, Marc Falkoff, disse que os homens vivem "em um limbo legal".

Comentando a obra, a poetisa americana, Adrienne Rich, escreveu: "Os poemas e as biografias dos poetas revelam uma dimensão dessa narrativa obscurecida oficialmente, da perspectiva de quem sofre".

"Os ensaios legais e literários recriam o contexto que produziu – sob circunstâncias atrozes – uma poética da dignidade humana".

quarta-feira, junho 06, 2007

Nazistas na Lua

Com o passado apagado dos arquivos, muitos cientistas nazistas construíram brilhantes carreiras nos Estados Unidos - a ponto de batizar uma cratera lunar.

Naquele 23 de março de 1962, o Centro Espacial Marshall, no sudeste dos Estados Unidos, estava em festa. Era uma sexta-feira e o alto escalão da Nasa celebrava os 50 anos de Wernher von Braun, o prestigiado cientista alemão criador do foguete Saturno V, que levou os norte-americanos à Lua. A comemoração, que custou US$ 730,45, foi regada a muita bebida, comida e música.

Entre os convidados estavam Dieter Grau e Guenther Haukohl, na época investigados pela unidade de caça aos criminosos nazistas do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Nada que destoasse do clima da comemoração. O aniversariante era, ele próprio, renomado major da SS de Hitler e havia comandado um campo de trabalho escravo para a fabricação de mísseis durante a Segunda Guerra. E não era o único.

Após a queda dos países do Eixo, o governo norte-americano trouxe cerca de 1 600 cientistas nazistas - muitos deles criminosos de guerra - para trabalhar nos seus serviços de inteligência. Quando entravam no país, entretanto, todo o passado desses cientistas era apagado dos arquivos - Eles se tornavam apenas ótimos profissionais alemães ou austríacos.

É o caso de Herbert Wagner, membro da Tropa de Assalto de Hitler e criador do primeiro míssel guiado usado na guerra, e de Kurt Blome, réu absolvido em Nuremberg pela participação em crimes de eutanásia, extermínio de tuberculosos e mortes com experimentos diversos.

Blome foi representante do Conselho de Pesquisa do Reich, que aprovou a maioria dos experimentos nos campos de concentração. Apesar disso, trabalhou por quase 10 anos no exército norte-americano.

Nos Estados Unidos, esses pesquisadores viveram com altos salários e proteção do governo. Muitos deles são lembrados até hoje como heróis nacionais, tendo sido agraciados com prêmios e honrarias. Outros, como Von Braun, foram ainda mais longe. Seu nome ficou eternizado em uma cratera de 60 quilômetros de diâmetro na superfície da Lua.

terça-feira, junho 05, 2007

"Iraq tryptich"

Londres, 4 jun (EFE) Um grande quadro desenhado em carvão e em forma de tríptico (painel dividido em três partes) que mostra o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, e a sua esposa Cherie, nus no momento em que são "expulsos" de sua residência oficial do número 10 de Downing Street, é uma das peças centrais da exposição anual de verão (hemisfério norte) da Royal Academy of Arts londrina.

O tríptico - que recebeu o nome de "Iraq tryptich" - mede 4,5m por 1,5m e é um manifesto sarcástico contra a decisão do líder trabalhista de ingressar seu país na Guerra do Iraque, principal causa da queda de sua credibilidade e popularidade nas pesquisas.

No painel central do tríptico, Blair e sua esposa aparecem nus e de frente tapando as partes íntimas, enquanto abandonam sua residência oficial, como se fossem Adão e Eva sendo expulsos do Paraíso.

O painel esquerdo mostra um soldado britânico batendo de forma selvagem com um cassetete em civis iraquianos indefesos enquanto no direito há uma pilha de cadáveres e pedaços de corpos junto ao escritório oficial do primeiro-ministro.

O artista e membro da Academia, Michael Sandle, de 71 anos, apresentará oficialmente sua obra, que ganhou o prêmio Hugh Casson de desenho, na próxima quarta-feira, quando a exposição anual vai ser inaugurada.

"Não ia apresentar nada este ano, mas no final apresentei, porque estava furioso com Blair", disse Sandle, que critica o fato do primeiro-ministro não ter remorsos da participação britânica no Iraque "porque tem certeza de que fez o que devia".

Blair é o primeiro-ministro do Reino Unido mais intervencionista dos últimos cem anos ao ter enviado tropas para os conflitos de Serra Leoa, Kosovo, Iraque e Afeganistão.

sábado, junho 02, 2007

FLIP 2007


Festa Literária Internacional de Parati
4 a 8 de Julho

Destaques

Ahdaf Soueif
A vida de Ahdaf Soueif (1950, Cairo), dividiu-se desde a infância entre o Egito e a Inglaterra. Sua ficção reflete a experiência de crescer entre dois mundos e o peso suportado pelo estrangeiro ao transitar pelas cisões culturais. Seu primeiro romance, In the Eye of the Sun (1992), conta a história de uma jovem egípcia que viaja para estudar na Inglaterra. O mapa do amor (2007), indicado ao Booker Prize e lançado recentemente no Brasil, narra dois casos de amor anglo-egípcios. Soueif escreveu ainda um livro de ensaios, Mezzaterra (2004), e três coletâneas de contos, além de traduzir as memórias de Mourid Barghouti, Eu vi Ramallah (2006).

Amós Oz
Amós Oz (1939, Jerusalém, Israel), fundador e principal representante do movimento israelense Paz Agora, é o escritor mais influente de seu país. Poucos autores escrevem com tanta compaixão e clareza sobre as agruras presentes e passadas de Israel. Em romances como Meu Michel (2002) e Conhecer uma mulher (1992), Pantera no porão (1999) explora a persistência do amor durante a guerra. De amor e trevas (2005) é um livro de memórias sobre sua infância em Jerusalém. O autor já recebeu o Prêmio da Paz de Frankfurt, o Prix Femina Étranger, o Prêmio Israel e a Legião da Honra, na França. Seu último romance é Rhyming Life and Death (2007).

Ana Maria Gonçalves
Escritora da chamada "geração blogueira", Ana Maria Gonçalves (1970, Ibiá, Minas Gerais), surpreendeu o meio literário brasileiro com o seu segundo livro, Um defeito de cor (2006). A saga de 952 páginas acompanha oitenta anos da vida de uma africana capturada ainda criança em Daomé (Benin) e trazida para o Brasil. Como pano de fundo, a Bahia do século 19, e momentos históricos como a Revolta dos Malês, rebelião de escravos muçulmanos em 1835. Millôr Fernandes escreveu na orelha do romance: "O livro está entre os melhores que li em nossa bela língua eslava".

Ishmael Beah
Ishmael Beah (1980, Serra Leoa) tinha apenas 13 anos de idade quando lhe deram uma AK-47. Seus pais e irmão foram mortos pelo exército rebelde de Serra Leoa, a Frente Unida Revolucionária. Temendo por sua vida, e sem muito a perder, juntou-se às forças armadas. Era apenas o início de uma história de horrores. Muito longe de casa – memórias de um menino soldado (2007) é o relato pungente de milhões de inocentes presos no conflito civil de seu país. Beah vive agora no Brooklin, onde dá palestras e escreve ativamente sobre à questão das crianças-soldados.

Mia Couto
Natural de Moçambique, Mia Couto (1955, Beira) é um dos mais requintados escritores surgidos na África pós-colonial e uma das vozes mais originais da literatura lusófona contemporânea. Após a independência de seu país, Couto abandonou a faculdade de medicina e passou a se dedicar ao jornalismo. Já havia publicado diversos poemas e contos antes do surgimento de Terra sonâmbula (1993), seu romance fragmentário sobre a guerra civil moçambicana. Em O outro pé da sereia (2006), continua a explorar as fronteiras entre as geografias reais e imaginárias. Recebeu o Prêmio da União Latina de Literaturas Românticas em 2007.

Robert Fisk
Segundo o jornal The New York Times, Robert Fisk (1946, Maidstone, Reino Unido), o principal correspondente do jornal The Independent sobre o Oriente Médio, é “provavelmente o mais famoso correspondente internacional britânico”. Ao longo de 30 anos,cobriu os conflitos na Irlanda do Norte, a revolução portuguesa de 1974, a guerra civil libanesa, a revolução islâmica no Irã, o conflito Irã-Iraque, a guerra do Golfo em 1991, a guerra do Kosovo, a invasão do Iraque e, mais recentemente, a guerra entre Israel e o Líbano em 2006. Pobre nação, que trata sobre o Líbano, será lançado em breve no Brasil. É um dos poucos jornalistas ocidentais que entrevistaram Osama Bin Laden. Seu último livro é A grande guerra pela civilização – A conquista do Oriente Médio (2007).