terça-feira, setembro 23, 2008

Jovens são presas em Israel por rejeitar serviço militar


Três mulheres israelenses de 19 anos se recusaram a servir o Exército e foram presas.

Omer Goldman, Miya Tamarin e Tamar Katz deviam se alistar nesta terça-feira para prestar o serviço militar obrigatório.

Ao se apresentar, na data do alistamento, na base militar de Tel Hashomer, as jovens anunciaram que não pretendem servir pois são contra a ocupação dos territórios palestinos.

Em Israel, a lei obriga todos os israelenses a prestar serviço militar - as mulheres por dois anos e os homens por três.

As jovens chegaram à base militar acompanhadas por cerca de cem manifestantes que levantaram cartazes contra a ocupação em frente à base militar.

“Não queremos participar da ocupação”, “Basta de ocupação”, diziam os cartazes.

“Não pretendo ir para o Exército em hipótese alguma”, disse Omer Goldman à BBC Brasil, “eu me sinto obrigada, moralmente, a recusar”.

“Viajei muitas vezes aos territórios ocupados, e vi, com meus próprios olhos, o que o Exército israelense faz lá, são coisas com as quais eu não posso colaborar”, afirmou.

Liberação

Gabriel Castellan, porta-voz do Exército israelense, disse à BBC Brasil que o número de jovens que se recusam a prestar o serviço militar obrigatório por razões políticas é pequeno, mas tem aumentado nos últimos dois anos.

Em 2005 foram registrados 57 casos, e em 2007 o número chegou a 72.

O número de jovens que foram liberados do serviço militar também vem aumentando.

De acordo com Gabriel Castellan, porta-voz do Exército israelense, no ano de 2003 a porcentagem de homens israelenses que não prestaram o serviço era de 22%, e entre as mulheres 35.6%.

Em 2008, a porcentagem chegou a 27.7% entre os homens e 43.7% das mulheres.

O porta-voz disse à BBC Brasil que a principal razão para a liberação, tanto de homens, como de mulheres, do serviço militar é ligada a motivos de religião.

Os homens que comprovam estudar em um seminário rabínico são liberados e as mulheres que declaram ser religiosas também obtêm a isenção do serviço militar.

Outras razões para a liberação do serviço militar são problemas de saúde, antecedentes criminais e residência no exterior.

Além dos jovens que se negaram a prestar o serviço militar obrigatório, desde o inicio da segunda Intifada (levante palestino que começou em 2000), mais de 500 soldados e oficiais da reserva se recusaram a servir no Exército por razões políticas.

'Medo'

Omer Goldman não sabe quanto tempo ficará presa e admite que tem medo.

“Sim, tenho medo. Outros jovens que recusaram já ficaram dois anos na prisão, espero que não fiquemos tanto tempo”.

“Por enquanto todos os meus planos para o futuro ficaram congelados, e não sei por quanto tempo”.

Miya Tamarin é pacifista e tentou ser liberada do serviço militar por “razões de consciência”. O Exército libera automaticamente jovens mulheres religiosas - normalmente ortodoxas ou ultra-ortodoxas - por razões de consciência, porém, rejeitou o pedido de Tamarin.

“Há uma semana recebi a resposta negativa do Exército e decidi que minhas convicções pacifistas não me permitem participar de uma instituição que é toda baseada na violência”, disse Tamarin.

Segundo Tamar Katz, “as ações do Exército só vão gerar mais hostilidade e mais violência e não quero participar de uma organização que aponta armas contra civis de maneira indiscriminada”.

'Traição'

As três jovens, como outros que se recusaram a prestar serviço militar, são acusadas de “traição” e “covardia”, por muitos em Israel.

Grande parte da população fica indignada com jovens que tentam “se esquivar” de prestar o serviço militar, considerado quase que sagrado em Israel.

Porém, elas afirmam que a razão da recusa não é covardia e que não têm a intenção de se esquivar de suas responsabilidades como cidadãs israelenses.

“Acho que nosso ato de recusar é um ato de responsabilidade social”, disse Omer Goldman, “espero que esse ato leve mais pessoas a questionarem a ocupação”.

“Desde pequena estive envolvida em ações voluntárias de responsabilidade social e minhas colegas também”.

“Durante o último ano todas nós participamos de projetos voluntários, eu trabalhei na cidade de Yavne, em um projeto de educação de crianças etíopes”.

“Essas acusações contra nós, de que ‘queremos tirar o corpo fora’ de nossas responsabilidades para com a sociedade israelense são absurdas”, afirmou Goldman.

“Para o bem da sociedade israelense, devemos nos recusar a participar da ocupação”, concluiu.


Conheça
http://www.seruv.org.il/english/default.asp

sábado, setembro 20, 2008

O Direito à Alimentação - Jacques Diouf

Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon (à esquerda) em encontro com o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf
[AP Photo - Pier Paolo Cito]


Como tantas vezes afirmamos, nosso planeta produz alimentos suficientes para nutrir adequadamente toda sua população. Mesmo assim, esta noite, 854 milhões de mulheres, homens e crianças, dormirão com o estômago vazio.

Para poder dar voz às pessoas menos favorecidas, “o direito à alimentação” foi escolhido como tema do Dia Mundial da Alimentação deste ano. Este tema reflete a crescente tomada de consciência internacional do papel determinante que os direitos humanos desempenham na erradicação da fome e da pobreza.

Reconhecido pela primeira vez na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, o direito à alimentação tem sido progressivamente fortalecido graças à aprovação de diversas medidas internacionais. Mediante a ratificação do Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, 156 Estados aceitaram o direito à alimentação como uma obrigação jurídica.

O direito à alimentação está cada vez mais presente nas constituições nacionais, textos legislativos, regulamentos e estratégias. Os programas sociais proporcionam mais meios para a reivindicação do direito à alimentação, tornando mais fácil para os cidadãos exercerem seus direitos. Nesse contexto, a informação é um elemento chave. A população precisa estar consciente de seus direitos e dos meios que dispõem para exigi-los e, ao mesmo tempo, os funcionários precisam conhecer seus deveres e as formas de cumpri-los. Enquanto as obrigações legais cabem ao Estado, todos os membros da sociedade – indivíduos, organizações, ONGs e o setor privado – têm responsabilidades relaciondas ao direito à alimentação.

Libertar da fome a humanidade é um dos objetivos fundamentais estabelecidos na Constituição da FAO. Na Cúpula Mundial da Alimentação, realizada em 1996, os Chefes de Estado e de Governo reafirmaram “o direito de toda pessoa a ter acesso a alimentos seguros e nutritivos, em consonância com o direito à alimentação adequada e com o direito fundamental de toda pessoa de estar livre da fome”. Também se comprometeram a implementar esse direito em sua totalidade e a realizá-lo, de uma forma gradativa, com o objetivo de garantir a segurança alimentar para todos.

Visando incentivar a colocação em prática deste compromisso, o Conselho da FAO aprovou em 2004 as Diretrizes Voluntárias em apoio à realização progressiva do direito à alimentação adequada no contexto da segurança alimentar nacional.

Essas diretrizes servem de ponte entre o reconhecimento jurídico deste direito e sua realização efetiva, já que proporcionam aos governos e à sociedade civil um conjunto coerente de recomendações.

Apesar dos progressos alcançados, a colocação em prática do direito à alimentação continua sendo um desafio para os países e para os peritos em desenvolvimento.

A partir das Diretrizes sobre o direito à alimentação foi elaborado um marco para implementação do direito à alimentação em cada país. O Dia Mundial da Alimentação proporciona uma oportunidade excelente para que os países façam um balanço das medidas que vêm tomando e dos resultados obtidos. É também uma ocasião para debater e chegar a um acordo sobre os novos passos necessários para colocar em prática de forma gradual o direito à alimentação.

O direito à alimentação requer uma mudança de percepção: deve deixar de ser entendido como um ato de caridade e começar a ser considerado como um direito. Assegurar que todos os seres humanos disponham de um suprimento de alimentos adequado e estável é mais que uma obrigação moral e um investimento com retornos econômicos potencialmente altos: é a realização de um direito humano fundamental, e o mundo tem os meios para torná-lo realidade.

Essa promessa, nascida no século XX deveria materializar-se no século XXI. Por isso, neste Dia Mundial da Alimentação de 2007, convido todos vocês a juntar-se comigo para fazermos do direito à alimentação uma realidade acessível para todos.


Lista do Patrimônio Mundial ganha 8 novas maravilhas



O arquipélago de Socotorá, no Iêmen, é formado por quatro ilhas no Oceano Índico, em frente à costa do Chifre da África, e já foi chamado de o Galápagos do Índico.

O arquipélago é especialmente rico em flora e fauna. Cerca de 37% das espécies de plantas do local e 90% das espécies de répteis não podem ser encontradas em nenhum outro lugar do mundo.

As informações são da BBC Brasil. Foto de © fishkid - http://www.flickr.com/photos/madun/sets/918658/

Projeto britânico quer produzir comida e energia em deserto


Na simulação, estufas e painéis solares instalados no deserto produzem alimentos e geram energia


Uma equipe de engenheiros e arquitetos baseados em Londres está combinando tecnologias para transformar imensas áreas desérticas em terrenos férteis com capacidade de produzir comida, água limpa e fontes alternativas de energia.

O Sahara Forest Project (Projeto Floresta Sahara) consiste em construir lado a lado estufas onde seria possível obter água limpa e cultivar alimentos, e painéis espelhados gigantes que captariam raios solares para gerar eletricidade.

A iniciativa combina tecnologias criadas pela empresa Seawater Greenhouse, que cultiva plantações em estufas instaladas em áreas áridas, e por arquitetos e engenheiros que desenvolveram uma técnica conhecida como Concentrated Solar Power (Energia Solar Concentrada, em tradução livre).

O criador da Seawater Greenhouse, Charlie Paton, explica que a técnica consiste em instalar evaporadores na entrada da estufa que convertem a água do mar em vapor. O vapor resfria a temperatura dentro do local em até 15 graus e favorece o crescimento da lavoura.

Do outro lado da estufa o vapor é condensado, transformando-se em água limpa que serve para regar as plantações.

Segundo Paton, a quantidade de água obtida é cinco vezes maior do que a necessária para molhar as plantas, produzindo um excedente que pode ser usado para mover turbinas acopladas aos painéis que captam a energia solar, gerando energia.

Biodiesel

De acordo com os criadores do Sahara Forest Project, em fase de testes em Tenerife, Omã e Emirados Árabes Unidos, a iniciativa terá potencial para produzir comida e eletricidade que serão consumidas por moradores locais.

A energia também poderia ser enviada para a Europa por meio de um conversor.

Com o excedente de água ainda seria possível cultivar pinhão manso, uma planta que serve de base para produzir biodiesel e que se adapta bem às terras desérticas.


Os criadores do projeto dizem que a iniciativa poderá ser uma ferramenta importante para combater a desertificação e trará múltiplos benefícios, como “grandes quantidades de energia renovável, comida e água".

Fonte: BBC Brasil

Isaf e talibãs farão trégua de 24 horas por Dia Internacional da Paz

Cabul, 20 set (EFE) - A Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e os talibãs não realizarão, amanhã, operações ofensivas a fim de celebrar o Dia Internacional da Paz, estabelecido pelas Nações Unidas, informaram ambos os lados.

A decisão da Isaf se soma, assim, à do presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, que tinha dado essa mesma ordem a suas tropas para que a cumprissem da meia-noite de hoje até a meia-noite de domingo (hora local).

"A Isaf trabalha sob um mandato das Nações Unidas para trazer paz e estabilidade ao Afeganistão e aos afegãos. Em apoio ao Dia da Paz, as forças não farão operações ofensivas", afirma o comunicado.

No entanto, a organização especificou que suas unidades no terreno adotarão as freqüentes medidas de proteção e as patrulhas para manter a segurança.

"Os insurgentes devem saber que a Isaf defenderá a si mesma e aos afegãos das ações ofensivas dos inimigos do Afeganistão", ressaltou a nota.

Já um porta-voz talibã afirmou à Agência Efe por telefone que o grupo recebeu instruções do Conselho tribal para respeitar o dia.

"Por um dia, não atacaremos os invasores", disse o porta-voz, Mohammad Yousif Ahmadi, de um local não especificado.

Neste ano, mais de três mil pessoas morreram no Afeganistão vítimas da violência, das quais mais de 1.400 eram civis.

Hoje, a Isaf reconheceu ter matado um cidadão que se aproximou de uma patrulha da organização e ignorou as advertências dos soldados para que se mantivesse distância.

O fato aconteceu esta manhã na província de Helmand (sul).

Zardari diz que não tolerará violações da soberania paquistanesa

Islamabad, 20 set (EFE) - O novo presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, disse hoje que "não será tolerada qualquer violação da soberania territorial" do país, durante seu primeiro comparecimento perante as Câmaras nacionais após tomar posse do cargo.

As declarações do presidente foram feitas em meio a uma recente onda inusitada de ataques, em território paquistanês, de tropas americanas destacadas no Afeganistão contra insurgentes.

Zardari afirmou que a força é "só o último recurso" na guerra contra o terrorismo, entre aplausos dos legisladores e sob o atento olhar do chefe do Exército, Ashfaq Kayani, e do líder do partido de oposição Liga Muçulmana-N, o ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, entre outros.

O viúvo de Benazir Bhutto pediu também a criação de um comitê parlamentar para revisar os poderes presidenciais de dissolver as Câmaras e colocar fim ao Governo.

Estas faculdades foram introduzidas por seu antecessor no cargo, o general reformado Pervez Musharraf, e receberam fortes críticas da legenda de Zardari, o Partido Popular do Paquistão (PPP), quando estava na oposição.

Após afirmar que a "honra" e o "privilégio" da Presidência lhe foram concedidos em nome de Bhutto, Zardari analisou os assuntos mais importantes que afetam o Paquistão e assegurou que tirará o país "da escuridão com a ajuda do Governo".

"Libertaremos o país da pobreza, da fome, do terrorismo e da desunião", ressaltou.

Zardari foi eleito presidente no dia 6 por uma maioria superior a dois terços dos legisladores nacionais e provinciais e empossado três dias depois, colocando fim ao mandato de quase nove anos de Musharraf.

Este renunciou em meados de agosto, antes que a coalizão agora no poder iniciasse um processo de cassação contra si.

sexta-feira, setembro 19, 2008

Conferência anti-islã: populistas de direita reúnem-se na Cidade dos Imigrantes

Lenz Jacobsen
Em Colônia (Alemanha)

Os populistas de direta querem montar uma frente unida para combater o que eles chamam de crescente islamização do continente, em uma conferência em Colônia neste final de semana. Sem poder para impedir o evento, autoridades locais antecipam a chegada de milhares de manifestantes.

A praça Heumarkt, na parte antiga de Colônia, é mais conhecida por ser local de convergência de milhares e milhares de foliões fantasiados no dia 11 de novembro, às 11h da manhã, celebrando a chegada do mais famoso festival ao longo do Rio Reno, o carnaval. Neste sábado, contudo, a Heumarkt vai se tornar o ponto focal para um evento totalmente diferente e decididamente menos alegre. Em vez das músicas animadas incansáveis de carnaval, a praça estará cheia de lemas da direita radical e provocações anti-muçulmanas.

O grupo Pró-Colônia (Pro Köln), que ganhou proeminência política nesta cidade de 1 milhão de habitantes com sua campanha vociferante contra a construção de uma enorme mesquita - e até conquistou assentos na Câmara dos Vereadores no caminho - deve fazer uma conferência para deter o que descreve como crescente "islamização" da Europa. Seria difícil encontrar outra cidade alemã onde o debate sobre a integração e o papel do islã tem sido tão concreto quanto aqui. E em nenhuma outra parte foi mais fácil observar o dano colateral que pode ocorrer quando políticos tentam lidar com os temores que muitas pessoas têm sobre a chamada islamização.

Há semanas, o Pró-Colônia promete tornar o ponto histórico em um palco para populistas europeus de direita, com 100 participantes e centenas de simpatizantes reunindo-se na "Conferência Anti-Islamização". Mais de 40 mil contra-manifestantes também são esperados na cidade, e a polícia está descrevendo a tarefa como uma das "mais difíceis" de todos os tempos. Colônia, afinal, abriga 330 mil pessoas com origem estrangeira -entre elas, 64 mil com passaporte turco. Três mil policiais de todo o Estado da Renânia do Norte-Vestfália serão enviados à cidade.

Em um esforço para atrair grandes multidões ao evento, o Pró-Colônia recentemente revelou uma lista de palestrantes incluindo os mais famosos na cena populista de direita européia. Entre os principais, listou Jean-Marie Le Pen da Frente Nacional francesa ("acredito na desigualdade de raças") e Heinz-Christian Strache, candidato a chanceler pelo Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ) - um homem que teve contato com o grupo extremista de direita banido Juventude Viking e quer fazer uma emenda na constituição austríaca para proibir a construção de mesquitas. O grupo também disse que esperava Mario Gorghezio da Liga Norte da Itália e Filip Dewinter, do Vlaams Belang da Bélgica, grupo de direita flamengo que conquistou 12% dos votos nas últimas eleições. Seu objetivo é formar uma aliança contra a islamização da Europa.

Pervertendo a verdade

Entretanto, a poucos dias do evento, correram boatos que os organizadores da conferência talvez tivessem manipulado a verdade sobre os participantes famosos.

Quando contatados pelo Spiegel Online nesta semana, um porta-voz de Le Pen alegou que o político francês nunca concordara em discursar ou participar e acusou o Pró-Colônia de usar seu nome "para fazer propaganda". No início desta semana, Strache, da Áustria, cancelou sua participação. Em seu lugar irá o secretário-geral do FPÖ, Harald Vilimsky.

Tanto Le Pen quanto Strache ainda estão listados como principais palestrantes no site da conferência. Entretanto, em vez de remover seus nomes, o Pró-Colônia está reclamando de uma "campanha de desinformação". Sem as duas estrelas políticas da extrema direita, a lista de participantes está começando a parecer muito menos impressionante. A conferência, ainda assim deve prosseguir.

O Pró-Colônia tem como assunto predileto a questão da "islamização" da Europa. Recentemente, o grupo beneficiou-se quando partidos políticos estabelecidos favoreceram a construção do que foi descrito como "mega-mesquita" na cidade. No dia 28 de agosto, membros da prefeitura deram sua aprovação final para a construção da casa de adoração muçulmana, que terá minaretes de 55 m de altura. Liderados por Markus Beisicht, ex-membro do Partido Republicano de extrema direita da Alemanha, o movimento contra a construção da mesquita pelo Pró-Colônia promoveu o grupo nas eleições locais recentes, nas quais os populistas de direita obtiveram 4,7% dos votos totais.

O Pró-Colônia diferencia-se do pouco palatável Partido Nacional Democrático (NPD), de extrema direita, descrevendo-se como conservador moderado para os que se opõem ao que descreve como islamização da sociedade alemã. Para sua primeira conferência, convidou pessoas que pensam da mesma forma em toda a Europa.

Do ponto de vista dos participantes, a conferência terá lugar em território neutro. "A direita na Alemanha ainda é muito fraca", explicou o separatista flamengo Dewinter. "Então, haverá menos brigas internas aqui". Dewinter e os outros dizem que estão tentando organizar uma lista de candidatos para as eleições de 2009 para o Parlamento Europeu. O líder belga até sonha em criar um "Internacional de Nacionalistas", um jogo de palavras com a organização internacional comunista.

Essa perspectiva já está deixando alguns países do Oriente Médio nervosos. Há duas semanas, o Irã pediu aos franceses - que atualmente detêm a presidência rotativa da União Européia - que proibissem a conferência. Os políticos e as autoridades em colônia vêm procurando fazer isso há mais de um mês. Entretanto, segundo informou um advogado especialista à polícia, seria improvável que a justiça concordasse em proibir a reunião. A polícia teve sucesso, entretanto, em impedir que os ativistas da extrema direita se reunissem na frente da mundialmente famosa Catedral de Colônia.

"Uma enorme dor de barriga"

"É uma enorme dor de barriga", diz o prefeito de Colônia Fritz Schramma, cuja prefeitura será forçada a deixar seus próprios escritórios disponíveis aos nacionalistas na sexta-feira. As autoridades tiveram pouca escolha. Os políticos do Pró-Colônia, membros do governo da cidade, estão meramente exercitando seu direito legal de anunciar uma "conferência ampla do partido", na prefeitura, junto com seus convidados. O líder do Pró-Colônia, Beisicht, disse que o grupo provavelmente se reunirá "em torno de Colônia e nos arredores da cidade". Também estava no programa uma viagem para Ehrenfeld, bairro onde a construção da enorme mesquita deve começar em breve.

Às vésperas do início da conferência, ainda não está clara a agenda exata. Uma coisa é certa, contudo: uma batalha de três dias entre a direita e esquerda alemã é esperada quando a conferência tiver início. Os dois grupos devem convergir de toda a Alemanha para participar de protestos em torno do evento. Na cena da esquerda, alguns já vêm treinando técnicas de barricadas para tentar paralisar a conferência neste final de semana.

Markus Beisicht, entretanto, parece estar mais ansioso com outros grupos do que com o Black Bloc de esquerda. De fato, está preocupado com o apoio não desejado de certas partes.

"Realmente, seria ruim se os neonazistas atraíssem atenção para nós", diz advogado.

Essa avaliação é compartilhada por altas autoridades do Escritório de Proteção da Constituição, agência de inteligência alemã estabelecida depois da Segunda Guerra mundial para impedir a atividade neonazista. "Isso destruiria a imagem pública conservadora de centro que o Pró-Colônia tentou construir com tanto cuidado", disse o vice-presidente da agência, Burkhard Freier.

Enquanto isso, a cidade de Colônia encontrou sua própria forma de dar leveza à situação. Neste final de semana, planeja empregar duas das armas mais valiosas de seu arsenal do carnaval. Os grupos populares locais de carnaval Die Höhner e Brings devem tocar músicas críticas da direita européia.

Tradução: Deborah Weinberg
Visite o site do Der Spiegel

quarta-feira, setembro 17, 2008

Irã convida o Brasil para aderir à Opep, afirma ministro

da Efe

A nova condição do Brasil como potência do petróleo tem sido reconhecida internacionalmente e o país foi convidado para se juntar ao Irã na Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), afirmou hoje o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

Segundo ele, sua presença como convidado em reunião da Opep, na Arábia Saudita, é "recebido com homenagens, porque eles estão confiantes que o Brasil será um dos maiores produtores do mundo," disse Lobão.

Mais tarde, acrescentou Lobão, em uma visita ao Brasil, o ministro da Energia do Irã, "convidou o Brasil a aderir à Opep. "Está na consciência deles que o Brasil vai avançar em produção de petróleo, no crescimento econômico e o desenvolvimento social", disse ele.

Lobão acompanhou hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia que marcou o início da produção na camada pré-sal, no Espírito Santo.

"O Brasil já exporta gasolina, óleo e vai exportar mais em breve", afirmou Lobão. Ele salientou que a Petrobras já está presente em 27 países, desde o México até o Irã, em trabalho de exploração, produção e comercialização de hidrocarbonetos.

O tema do Brasil e da Opep ganhou espaço há poucos meses quando foram confirmados depósitos em profundidades que, segundo a Petrobras, nunca antes alcançados, embora geólogos independentes afirmem que, no golfo do México, empresas extraíram em condições similares.

No entanto, Lula e seus ministros salientaram hoje que o Brasil não quer ser um exportador de petróleo bruto, mas combustível e, portanto, está investindo na modernização de suas refinarias e de construção de novas unidades capazes de produzir combustíveis de alta qualidade para atender os rigorosos critérios internacionais.

Recentemente o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, sublinhou que a Opep é uma associação de países exportadores de petróleo, e não combustível, assim, a entrada do Brasil ficaria inviabilizada, mas deixou claro que esta seria uma decisão do governo.


Leia também: "Lula propõe à Indonésia parceria em etanol"

Pavarotti será homenageado em concerto beneficente na Jordânia

MILÃO (Reuters) - O tenor italiano Luciano Pavarotti será homenageado num concerto beneficente de tributo em Petra, Jordânia, pouco mais de um ano após sua morte, disseram na terça-feira os organizadores do projeto.

A renda obtida com o concerto, marcado para 12 de outubro, será aplicada em projetos no Afeganistão da agência das Nações Unidas para refugiados, do Programa Mundial de Alimentos da ONU e para o sítio arqueológico de Petra, 180 quilômetros ao sul da capital Amã.

Pavarotti, que levou a ópera às massas com seu carisma e sua voz, morreu de câncer em 6 de setembro de 2007, aos 71 anos.

"Este evento nasceu do desejo de todos de recordar Luciano, as coisas dedicadas a ele ou as que ele cantou", disse sua viúva, Nicoletta Mantovani, em coletiva de imprensa.

Estão previstos para se apresentar no concerto José Carreras, Sting, Andrea Bocelli, Jovanotti, Laura Pausini, Angela Georghiu, Andrea Griminelli, Cynthia Lawrence e Roberto Alagna. A regência será de Eugene Kohn.

A platéia será restrita a 500 pessoas.

A edificação de novas mesquitas provoca tensões nas cidades alemãs

Cécile Calla
Em Berlim (Alemanha)


Quem sabe, a cidade de Duisburg não esteja no processo de se tornar historicamente um modelo de integração bem-sucedido. No final de outubro, esta cidade do vale industrial da Ruhr (oeste) vai inaugurar em seu bairro de Marxloh a maior mesquita da Alemanha. Este edifício de inspiração bizantina, sobre o teto do qual foi construída uma cúpula de 23 metros de altura, além de outras quatorze pequenas cúpulas e mais um minarete de 34 metros, comporta uma lotação máxima de 1.200 pessoas. Situado ao norte da cidade, este local de culto constitui um dos raros exemplos de cooperação harmoniosa entre as instituições locais e a comunidade muçulmana. Do começo até a sua conclusão, a implementação do projeto não provocou nenhuma espécie de controvérsia.

Já, em muitos outros lugares na Alemanha, os projetos de construção de mesquitas têm sido objetos de polêmicas sem fim e seguem cristalizando os temores da população. De todos eles, o exemplo de Colônia é o mais conhecido. Após dois anos de controvérsias, a municipalidade deu finalmente o sinal verde, na quinta-feira, 28 de agosto, para a construção de uma mesquita no bairro de Ehrenfeld. Quer isso tenha sido fruto do acaso ou deliberado, esta decisão foi tomada alguns dias antes do começo do período do ramadan, em 1º de setembro. As obras deverão ser iniciadas no começo de 2009, enquanto a sua conclusão está planejada para o final de 2010. Em função das suas dimensões - dois minaretes se erguerão rumo ao céu a 55 metros de altura (contra 157 metros para a catedral) -, a mesquita de Colônia suplantará então a de Duisburg.

"Nós não podemos permitir que nasça uma sociedade paralela", declarou Fritz Schramma, o prefeito democrata-cristão da cidade. Este eleito que defendeu o projeto de construção de uma mesquita contra a vontade do seu próprio partido, nele enxerga um meio para tirar o Islã da quase-clandestinidade em que ele se encontra. Ao longo de meses, os partidários e os opositores desta construção haviam travado uma luta sem mercê. As intervenções de personalidades tais como o escritor Ralph Giordano - que protestou contra aquilo que ele considera ser "uma demonstração de força do Islã" -; ou ainda do autor Günter Wallraff, que se prontificou a ler nas dependências da atual mesquita trechos de "Versos Satânicos", de Salman Rushdie (1989), um livro considerado como ofensivo ao profeta Maomé, que valeu ao seu autor ser condenado à morte pelo aiatolá Khomeini, foram representativas das tensões suscitadas.

Diálogo

Contudo, mesmo depois da decisão da prefeitura, os opositores seguem em pé de guerra. O partido Pro Köln, uma pequena agremiação de extrema-direita, que conseguiu reunir 23 mil assinaturas contra o projeto, convocou seus simpatizantes para manifestarem em 20 de setembro próximo em Colônia. Os seus líderes também convidaram todos os expoentes da extrema-direita européia para participarem de um "congresso contra a islamização", a ser realizado nesta cidade. Entre os oradores que foram anunciados figuram o líder francês da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, e o belga Filip de Winter, do Vlaams-Belang.

"Uma construção tão espalhafatosa em nada contribui para a integração, e, de qualquer maneira, já existem locais para orações muçulmanos em quantidade suficiente nesta cidade", afirma Markus Wiener, um dos dirigentes desta organização. Ele conta com uma possível mudança de representação política na prefeitura, que poderia ocorrer com as eleições municipais de junho de 2009, para barrar o projeto.

Seguindo o exemplo de Colônia, outros projetos de construção de mesquitas andaram suscitando conflitos em diversas outras grandes cidades alemãs, entre as quais Frankfurt, Berlim, Munique e Kassel. Contudo, dentre os cerca de 900 locais de orações muçulmanos existentes, apenas 206 são dotados de edifícios representativos, com um minarete ou várias cúpulas, segundo informa o instituto de arquivos sobre o Islã, com sede em Soest (oeste).

"As pessoas começam a dar mostras de preocupação tão logo o Islã se torna visível, ao passo que os políticos não se cansam de reclamar uma maior transparência", fustiga Aiman Mazyek, o secretário-geral do conselho central dos muçulmanos da Alemanha. Uma série de estudos realizados pelo sociólogo Wilhelm Heitmeyer, da Universidade Bielefeld, confirma que está havendo um crescimento da islamofobia por toda a Alemanha. Além disso, este fenômeno tenderia a propagar-se, sobretudo nos meios intelectuais. Segundo as análises do sociólogo, cerca de 27% dos alemães não escondem a sua rejeição explícita dos muçulmanos; e 35% dos alemães se mostram pessimistas e críticos a seu respeito.

"Os esforços precisam ser empenhados dos dois lados. A sociedade alemã, da mesma forma que as organizações muçulmanas, precisa aprender a administrar esses conflitos", sublinha este especialista. Neste contexto, Duisburg pode apontar o caminho que deve ser seguido. Os profissionais que empreenderam a construção da mesquita de Marxloh deram mostras de uma grande abertura para o diálogo. "Eles cooperaram muito cedo com as autoridades locais", conta Aiman Mazyek. Logo em 2001, um conselho consultivo que incluiu, além de lideranças da comunidade muçulmana, representantes das Igrejas, dos partidos políticos, das escolas, das universidades e dos habitantes do bairro, foi implantado.

"O fato de instaurar um clima de confiança foi fundamental", confirma Zülfiye Kaykin, que é um dos organizadores do projeto em nome da Ditib (União Turca Islâmica em prol da religião). "Já, nas outras cidades, existe quase sempre uma distância excessiva entre a comunidade muçulmana e as autoridades locais". Por sua vez, a municipalidade sempre deu seu apoio a este projeto. "Os sinais que são transmitidos pelas elites são essenciais em conflitos desta natureza", constata Wilhelm Heitmeyer.

Os membros da Ditib também se mostraram atentos para a necessidade de se manterem certas proporções em relação às dimensões dos outros edifícios religiosos da cidade. Assim, o campanário da igreja mais próxima permanece muito mais elevado do que o minarete da mesquita de Marxloh.

Tradução: Jean-Yves de Neufville

segunda-feira, setembro 15, 2008

Paraolimpíadas 2008


Irã x Egito [FoNet]

Afeganistão diz que EUA mataram mais de 90 devido a pista falsa

da Associated Press, em Cabul e Bagdá

Uma operação liderada pelos Estados Unidos que resultou na morte de mais de 90 civis foi baseada em informação falsa providenciada por uma tribo inimiga, informou neste domingo o Ministério do Interior do Afeganistão.

A nota informa ainda que nenhuma das vítimas era integrante do grupo Taleban. A informação inicial veiculada pelo Exército americano era de que a ação havia matado mais de 35 membros do grupo.

A polícia afegã prende três suspeitos acusados de dar aos Estados Unidos a informação falsa que levou ao bombardeio da localidade de Azizabad, segundo o Ministério do Interior do Afeganistão.

"Foi uma pista falsa", disse Humayun Hamidzada, porta-voz do presidente do Afeganistão, Hamid Karzai.

O bombardeio ocorreu em 22 de agosto e perturbou a relação entre os dois países, mas ambos continuam aliados próximos, segundo Hamidzada.

As cifras de morte de mais de 90 civis --incluindo 60 crianças--, também foram constatadas em um relatório preliminar da ONU (Organização das Nações Unidas).

A operação, conduzida por forças especiais dos Estados Unidos e soldados afegãos, tinha como alvo funcionários afegãos de uma companhia britânica de segurança e seus familiares --razão pela qual os militares dos Estados Unidos recuperaram armas após a batalha.

Os Estados Unidos alegaram que suas forças foram atacadas durante uma missão que buscava e matou um comandante Taleban chamado Mullah Sidiq.

As informações falsas teriam sido providenciadas por um líder tribal rival chamado Nader Tawakil.

Um parlamentar afegão disse que Tawakil está na custódia dos Estados Unidos. A coalizão evitou comentar a afirmação.

sábado, setembro 13, 2008

Tribunal analisa processo de sargento americano acusado de matar e queimar iraquiano

BASE MILITAR SPEICHER, Iraque (AFP) - Um tribunal militar americano começou a estudar neste sábado no Iraque as acusações contra um sargento americano suspeito de ter matado e queimado um civil iraquiano em maio.

O sargento Hal Warner, natural do estado de Oklahoma, é acusado junto com o tenente Michael Behanna de ter matado Ali Mansur Mohammed, iraquiano que haviam detido, queimando seu corpo em seguida com uma granada.

O julgamento de Behenna começará no dia 20 de setembro. Ambos devem comparecer perante um tribunal militar na base Speicher, perto de Tikrit, 180 km ao norte de Bagdá, que decidirá se envia o caso para uma corte marcial.

O sargento Warner é acusado de "assassinato premeditado, agresssão, falso testemunho e obstrução da justiça".

Mohammed foi detido no dia 5 de maio em sua própria casa, em Tikrit. Ele foi espancado e ficou preso até o dia 16 de maio, data em que deveria ter sido liberado.

Segundo a promotoria, o sargento e o tenente bateram em Mohammed e depois atearam fogo a seu corpo com uma granada que faz a temperatura aumentar rapidamente.

Os soldados colocaram a granada debaixo da cabeça do prisioneiro. Seu cadáver foi encontrado por um policial no dia 17 de maio debaixo de uma ponte, nu, em uma poça de sangue, com o rosto parcialmente queimado.

O cabo Cody Atkinson, que estava presente no dia, testemunhou neste sábado no tribunal militar. Ele afirmou ter visto "o tenente Behenna tirar Ali Mansur do veículo militar e ir com o sargento Warner" para baixo da ponte, de onde os dois militares voltaram minutos depois sem o prisioneiro.

Atkinson e o sargento Milton Sánchez denunciaram que os dois oficiais ordenaram a seus homens que fizessem uma falsa declaração confirmando a liberação do prisioneiro.


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