quinta-feira, janeiro 29, 2009

Médico afirma que Israel usou urânio e fósforo em ataques a Gaza

da Efe, em Argel

Mohamed Khouidmi, cirurgião argelino que trabalhou durante a ofensiva de Israel contra Gaza no hospital de Shifa, o maior do território palestino, afirmou que o Exército israelense usou urânio e fósforo branco nos bombardeios à região.

Khouidmi acaba de voltar à Argélia, após atuar como responsável de emergência em Shifa. Em entrevista ao jornal argelino "Liberté", ele afirmou que foi possível ver nos ferimentos de várias pessoas sequelas provocadas pelo urânio.

"O Exército israelense usou mísseis antipessoais que explodiam cerca de 50 centímetros da superfície, o que provoca a amputação dos membros inferiores das pessoas que estão no perímetro da deflagração", afirmou o médico.

O especialista explicou que os feridos por esses mísseis, após horas de intervenção cirúrgica no hospital e, uma vez realizada a amputação e fechada a ferida, eram internados no serviço de reanimação.

"Depois de duas ou três horas, a ferida voltava a abrir-se e a hemorragia matava o paciente", disse Khouidmi, que explicou que isto aconteceu em algumas ocasiões no hospital e que os especialistas concluíram que havia presença de urânio nos mísseis israelenses.

Fósforo branco

O cirurgião argelino afirmou que o que viu em Gaza foi "pior" que o que encontrou no Iraque ou no sul do Líbano, aonde também foi como voluntário médico.

"O que eu constatei em Gaza era estranho, nada a ver com o que pude ver em outros conflitos", explicou.

Além disso, ressaltou que os corpos que examinou no depósito tinham "os intestinos queimados e exalavam um cheiro de alho", por isso disse não ter "nenhuma dúvida" de que o Exército israelense também utilizou fósforo branco em seus ataques.

Khouidmi explicou que ele e outros especialistas que trabalharam em Gaza elaboraram um relatório com exames detalhados e o enviaram ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

Eles pedem à organização o envio de uma comissão de investigação neutra sobre a utilização de armas proibidas por parte de Israel, "especialmente o urânio".

Organizações humanitárias das Nações Unidas e a Cruz Vermelha já haviam denunciado o uso de fósforo branco por parte do Exército de Israel contra civis, o que é classificado como crime de guerra.

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