sábado, janeiro 10, 2009

Depressão e medo cercam nossas casas, diz jovem palestina

Nour Kharma, 14, e sua família estão em uma casa na cidade de Gaza, que tem sido alvo de ataques israelenses há quase duas semanas. De lá, ela e a mãe, Nirmeen, mandaram relatos para o grupo Other Voice, organização que promove o diálogo entre israelenses e palestinos que vivem dos dois lados da fronteira de Israel com a faixa de Gaza.


Leia abaixo relato da garota repassado por uma representante israelense do Other Voice para a BBC Brasil:


"Hoje é o oitavo dia desta guerra terrível. Para mim, ontem foi o pior dia de todos. Quando eu acordei de manhã, um dos meus amigos me telefonou.

Quando perguntei como ele estava, ele estava com uma voz estranha. Ele disse: 'Bem, mas você tem notícias de alguns dos seus amigos?' Eu fiquei muito assustada e perguntei para ele se tinha algo errado. Ele me disse que Christine morreu. Eu fiquei muito chocada e até agora eu ainda não acredito. Eu liguei para alguns amigos para confirmar a notícia, e todos estavam muito tristes.


Ela era minha amiga havia quase quatro anos. Nós íamos à escola e ao YMCA (Associação Cristã de Moços) juntas. Eu estou triste, com medo e preocupada ao mesmo tempo, porque ela era como uma irmã para mim. Eu sinto pêsames por ela e pela família dela. Os pais dela fizeram o melhor que puderam, mas não foi o suficiente para salvá-la.


E se os meus pais não pudessem me proteger e me dar apoio quando eu preciso... eu vou morrer também? O que eu posso dizer agora é que o meu futuro está quase destruído.


Um foguete israelense atingiu minha escola nesta manhã, e a escola foi destruída completamente. Eu não consigo realmente imaginar por que eles estão bombardeando lugares religiosos e de educação, como mesquitas, escolas e universidades.


A cada explosão, nós sentimos nossa casa balançar e quase sendo destruída. E as pessoas que já perderam as suas casas? Eu estou chorando por causa da morte de uma amiga... E as pessoas que perderam pelo menos quatro ou cinco familiares? Depressão e medo estão tomando conta das nossas almas e cercando nossas casas... O que virá depois?


Não tem nada que eu queira mais do que o fim desta guerra logo e que o povo palestino possa viver como qualquer outro povo, que as crianças palestinas possam aproveitar as suas infâncias, como qualquer criança no mundo. Nos ajudem, porque somos todos seres humanos."

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