domingo, dezembro 14, 2008

Reconstrução do Iraque representou um fracasso de US$ 100 bilhões

WASHINGTON, 14 dez 2008 (AFP) - Um relatório não publicado do governo dos Estados Unidos afirma que os esforços americanos para reconstruir o Iraque foram prejudicados por problemas burocráticos provocados pela guerra, violência e pela ignorância de elementos básicos da sociedade iraquiana, resultando em um fracasso de 100 bilhões de dólares, informa o site do jornal New York Times.

O jornal afirma que teve acesso a uma cópia do relatório de 513 páginas do governo federal sobre a história dos esforços de reconstrução. O NYT acrescenta que o documento circula em Washington de forma discreta entre um pequeno grupo de revisores técnicos, analistas políticos e conselheiros.

O documento tem uma reclamação do ex-secretário de Estado Colin Powell de que depois da invasão de 2003, o Departmento de Defesa "continuou inventando números sobre as forças de segurança do Iraque - o número pulava 20.000 por semana! Nós agora temos 80.000, agora 100.000, agora 120.000".

A conclusão do histórico é que o governo americano não possui no Iraque as políticas nem a estrutura organizacional que seriam necessárias para levar adiante o maior programa de reconstrução desde o Plano Marshall, segundo o relatório.

Além disso, o documento destaca que os esforços de reconstrução não fizeram muito mais que restaurar o que havia sido destruído durante a invasão e nos saques registrados pouco depois, indica o NYT.

Até meados de 2008, segundo o relatório, 117 bilhões de dólares foram gastos na reconstrução do Iraque, incluindo quase US$ 50 bilhões em dinheiro dos contribuintes americanos.

Em um determinado momento, um oficial da Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional recebeu quatro horas para determinar quantas milhares de estradas iraquianas precisariam ser reparadas ou reabertas, cita o jornal.

O oficial pesquisou nos arquivos de referência da agência e a estimativa dele entrou direto no plano geral.

O dinheiro para muitas das obras de reconstrução foi dividido em um sistema de espólio controlado por políticos locais e chefes tribais, acrescenta o New York Times.

"Nosso presidente do conselho distrital virou o Tony Soprano de Rasheed, em termos de controle dos recursos", cita o jornal como uma declaração de um funcionário da embaixada americana em Bagdá, que acrescentou: "Você vai usar meu empreiteiro ou o trabalho não será feito".


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