Turco conta em livro seus cinco anos de prisão em Guantánamo
da Efe, em Berlim
Murat Kurnaz, que ficou preso no centro de detenção da base naval de Guantánamo, decidiu publicar suas memórias sobre os cinco anos em que esteve no campo de prisioneiros mantido pelos Estados Unidos em Cuba.
"Cinco Anos da Minha Vida - Um Relatório de Guantánamo", escrito com a ajuda do autor e jornalista Helmut Kuhn, será lançado em 23 de abril.
Segundo Rowohlt, o livro revelará alguns detalhes até agora desconhecidos do inferno sofrido por Kurnaz, um turco de 24 anos nascido e criado em Bremen (Alemanha) e que foi preso em novembro de 2001, durante uma viagem ao Paquistão -- durante a qual desejava se aprofundar na religião islâmica.
Após sua prisão, Kurnaz foi entregue às forças dos Estados Unidos no Afeganistão, onde ficou detido durante alguns meses. Posteriormente, foi transferido para Guantánamo.
O caso de Kurnaz põe o ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier, contra a parede, já que ele era o coordenador dos serviços secretos do país durante a época da prisão. Steinmeier agora enfrenta a acusação de que o governo anterior não se esforçou para conseguir a libertação de Kurnaz, e até mesmo, segundo acusam alguns, rejeitou uma oferta dos Estados Unidos para libertá-lo, já no início de 2002.
O advogado de Kurnaz, Bernhard Docke, acusou o governo de ter prolongado inutilmente o inferno de seu cliente, que deixou Guantánamo quatro anos depois da suposta oferta, após o pedido da atual chanceler alemã, Angela Merkel.
Na comissão parlamentar que investiga o caso, Docke assegurou que "se não fosse pela chanceler Merkel, Kurnaz continuaria em Guantánamo". Steinmeier também está convocado a comparecer diante dessa comissão.
Segundo uma pesquisa do instituto Emnid, 64% dos alemães apóiam Steinmeier. Cerca de 44% das pessoas dizem, além disso, que, caso tivessem de tomar uma decisão em 2002 -- apenas um ano após o 11 de Setembro --, teria tomado a mesma decisão que o governo alemão tomou, pronunciando-se contra a libertação.
Steinmeier defendeu a decisão de então, sob o argumento de que o governo partia do pressuposto de que o turco estaria vinculado a círculos islamitas e, por isso, podia representar um perigo para a segurança.
Os diversos relatórios confidenciais citados na imprensa, no entanto, assinalam que, já em novembro de 2002, os serviços secretos alemães, que haviam interrogado Kurnaz pessoalmente em Guantánamo, haviam chegado à conclusão de que ele era inocente.
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
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